A FEM- Feministas em Movimento faz hoje 4 anos. Nasceu da necessidade de responder às causas das Mulheres, de se juntar a outras organizações portuguesas de direitos humanos das mulheres para acrescentar e chegar mais longe.
O nosso país tem feito um caminho pela emancipação e visibilização das mulheres depois do 25 de Abril, mas o caminho não tem sido nem é fácil. Têm sido as organizações de mulheres, tão diversas como se têm apresentado, que têm trilhado esse caminho cheio de pedras. A ideologia retrógrada de uma feminilidade normativa que impunha às raparigas e às mulheres os papéis de seres obedientes, submissos e passivos nunca deixou de existir e sempre viu no feminismo e nas conquistas feministas os seus piores inimigos. Ao fim de quase cinquenta anos da queda da ditadura, persistem conceitos internalizados e práticas de desigualdade de género na sociedade, no trabalho e na família: a violência de género, o assédio, a violação a discriminação laboral e salarial estão aí para o comprovar.
A FEM- Feministas em Movimento orgulha-se de sermos herdeiras e obreiras desse caminho que hoje nos permite falar de conquistas que resultam da democracia e da liberdade: participação, direitos sexuais, autonomia, afirmação. De objeto assumimos ser sujeito de direitos, sabendo que os direitos nunca foram oferecidos e que há que estar vigilantes e atuantes para que eles não voltem para trás. Com efeito, hoje em várias partes do mundo e mais ainda na sequência da pandemia, assistimos ao agravamento de muitos problemas estruturais e a recuos civilizacionais que põem em causa as conquistas de décadas de lutas. O conservadorismo e a extrema-direita têm através da sua influência, das redes sociais e de alguns líderes políticos e religiosos criado uma narrativa obscurantista e retrógrada, querendo impor uma agenda anti-feminista de retrocesso de mais de um século nos direitos.
A situação que vivemos implica um maior protagonismo das organizações de mulheres e dos coletivos de defesa dos direitos humanos gerando maiores mobilizações e envolvimento. Estamos conscientes dos desafios da atualidade e dos novos instrumentos da nossa luta. As recentes manifestações no 8 de Março e no 25 de Novembro mostram que as jovens mulheres e as raparigas escolhem o caminho dos Direitos e rejeitam a violência machista. A FEM – Feministas em Movimento faz parte deste grande colectivo de vozes e de acção e sabe que o caminho é juntar forças.
26 de Julho de 2023
