Associações Federadas no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (1924-1947)
Isabel Freire
edições Húmus
sinopse
Compassos Feministas apresenta ideários, protagonistas e percursos das associações que se federaram no Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (1914-1947), importante organização da chamada primeira vaga dos feminismos, integrada numa rede de Conselhos Nacionais espalhados pelo mundo, afiliados ao International Council of Women (fundado nos EUA, em 1888). Entre nós, o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas constituiu-se como federação, para apoiar associações (feministas, femininas ou mistas) que se ocupassem dos interesses das mulheres e das crianças, numa perspetiva solidária, livre de partidarismos (políticos e religiosos).
Em Compassos Feministas regressamos aos quotidianos destas organizações federadas no Conselho português, que lutaram pela emancipação das mulheres; pela melhoria da assistência à saúde infantil e materna (nomeadamente na gravidez e parto); pelo amparo social, instrução básica e formação profissional de raparigas desfavorecidas; pelo incentivo e apoio à frequência das jovens no ensino universitário; pela denúncia e reivindicação de melhores condições laborais para professoras/es do ensino primário e secundário; pela valorização da formação artística e do direito ao lazer entre operárias costureiras; pela promoção de uma visão positiva do desporto feminino; e pela oposição à guerra, à fome, às touradas, à prostituição, à pornografia, à escuta de dichotes de inspiração sexual nas ruas, aos vícios do jogo, do álcool, tabaco e drogas.
Para além de um contributo para os estudos sobre as mulheres, sobre o género e os feminismos, este livro inscreve-se na história da educação, do trabalho, do sindicalismo, do desporto, da música e da recreação, da moralidade e da sexualidade em Portugal na primeira metade do século XX, atravessando contextos políticos como a I República, a Ditadura Militar e o Estado Novo.
Investigação desenvolvida (entre 2019 e 2022) no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, no quadro do Projecto “WOMASS, Mulheres e Associativismo em Portugal 1914-1974”, sob coordenação da historiadora Anne Cova, e com financiamento da FCT (PTDC/HAR-HIS/29376/2007 * UIDP/50013/2020).
ISBN 987-989-755-917-4.
ISABEL FREIRE
Nasceu em 1971. Viveu em Évora, Lisboa e Berlim. Licenciou-se em Filosofia (NOVA FCSH), doutorou-se em Sociologia (ICS-ULisboa) e fez formação profissional em Jornalismo (CENJOR). Foi investigadora auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa entre 2019 e 2022, no Projeto Mulheres e associativismo em Portugal, 1914-1974, financiado pela FCT. Trabalhou como jornalista freelancer entre 2000 e 2012, publicando essencialmente sobre sexualidade e género na imprensa escrita (Público, Diário de Notícias, Expresso, Grande
Reportagem, Visão, Máxima, Ed, Gingko e Juvenil). É autora de Sexualidades, Media e Revolução dos Cravos (Imprensa de Ciências Sociais, 2020), Amor e Sexo no Tempo de Salazar (Esfera dos Livros, 2010) e de Fantasias Eróticas. Segredos das Mulheres Portuguesas
(Esfera dos Livros, 2007). É coautora (com Joseph Marando) do guia de viagem Na Alma do Ribatejo (Edições Cosmos, 2007), e coautora (com Kitty Oliveira e Pedro Macedo) da longa metragem documental Enxoval, que ganhou o Prémio Melhor Filme Português sobre Arte 2013 (Festival Temps d’Images). A partir de uma etnografia sobre gravidez na adolescência entre jovens afrodescendentes de bairros de Lisboa, Amadora e Oeiras, escreveu o texto para teatro Damas d’Ama (2003), encenado por Mário Trigo (Companhia Focus), e exibido no Teatro Taborda (Lisboa), Teatro Viriato (Viseu), RTP África e RTP Internacional. É fundadora da tertúlia Mães: Mulheres Anónimas (MMA) (2005-2006); e de Uma Pequena História do Sexo, conversa sobre igualdade e diversidade sexual e de género, vocacionada para jovens do ensino secundário.