Concentração Pelo Fim da Violência contra as Mulheres – 25 de novembro de 2020

Num ano particularmente difícil, marcado pela pandemia, no dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres (25 de novembro) lembramos a violência que, nas suas múltiplas formas e tipologias, é exercida contra as mulheres em Portugal e no mundo e, em particular, todas as que, fruto do confinamento, viveram ainda mais indefesas e isoladas em contexto de violência.

As denúncias de milhares de mulheres, a luta das associações, das ONG, as inúmeras campanhas de sensibilização e as medidas governamentais continuam a não ser suficientes para terminar com esta outra pandemia, já declarada, que é a violência contra as mulheres. Tal como a Covid-19, a violência contra as mulheres mata indiscriminada e injustamente, e dificulta as denúncias vivenciadas pelas mulheres, confinadas às suas casas.

Informação disponível indica que tendencialmente, em 2020, Portugal registará uma diminuição nas denúncias de violência contra as mulheres. Porém, sabemos que tal está longe da realidade vivida por milhares de mulheres. A violência nas relações de intimidade atinge 1 em cada 3 mulheres no país[1].

Neste dia, estamos uma vez mais em luta, em reivindicação, pelo fim da violência contra as mulheres. Marcamos presença, por todas as mulheres e, este ano, dando voz às que a não têm, às que estão manietadas, às que se encontram sós, às que o confinamento impôs silêncio como proteção, às que se sentem ainda mais dominadas, às que sentem que estão hoje ainda mais sós.

Neste dia, dizemos que não esquecemos, que estamos juntas, em luta, e que não pararemos até que nem mais uma tombe. Que nem mais uma seja vítima de violência doméstica física, psicológica, económica, ou outra, como sejam a violência social, o assédio, a violação, a violência simbólica, instrumental e institucional.

Continuaremos a falar de violência contra as mulheres e a denunciar sociedades com raízes capitalistas e patriarcais, nas quais as atitudes machistas, sexistas, racistas, homofóbicas e transfóbicas se manifestam de forma constante.

A experiência individual e coletiva de violência patriarcal é uma constante na vida das mulheres,  independentemente da sua idade, do seu território de origem, da nacionalidade, pertença étnico-cultural, estatuto económico, orientação sexual, identidade, expressão de género e características sexuais. E são estes ciclos de violências que é preciso romper. Mais agora que vemos com apreensão retrocessos nos direitos já alcançados em alguns países onde grupos de extrema-direita e ultraconservadores têm vindo a ganhar terreno.

Dia 25 de novembro encontrar-nos-emos no Rossio para repudiar todas as formas de violência contra as mulheres, para repudiar o patriarcado, lembrando de forma especial as mulheres negras, as mulheres indígenas, as mulheres migrantes, as mulheres LBTI+ e todas as mulheres que sofrem neste contexto de pandemia, propício a agravar o já vincado desequilíbrio de poder entre homens e mulheres.

Todas as pessoas não serão demais.