1 – Denominação (Local, Data da Fundação/Encerramento)
Grupo Português de Estudos Feministas (Lisboa, 1907[1]-1908[2])
2 – Morada da(s) Sede(s)
Rua do Conde Redondo, 139, 4.º- Lisboa[3] (residência de Hermínia Taborda)[4]
3 – Presidente(s), fundadoras, militantes, representantes
O GPEF foi fundado e liderado por Ana de Castro Osório. De acordo com João Esteves teve a adesão de várias professoras e das médicas Adelaide Cabete, Carolina Beatriz Ângelo e Sofia Quintino. Maria Veleda era a secretária. Na residência de Hermínia Taborda funcionava o depósito das publicações.
Nota: O nome de Beatriz Pinheiro surge associado ao GPEF porque esteve programado publicar-se uma recolha de textos seus, no entanto, por ora, não é explícita a sua condição de associada.
4 – Órgão(s)
O grupo não tinha um órgão. Propôs-se publicar estudos para formar uma Biblioteca de “estudos feministas e sociais” (Osório, 1908). Neste contexto, publicou uma conferência proferida por Ana de Castro Osório intitulada A Educação Cívica da Mulher. Este folheto inicia com “Algumas palavras de explicação” que indicam ser esta a primeira publicação do GPEF (cf. a 9ª página do PDF). É também esta publicação que revela o programa do Grupo.
5 – Programa /Estatutos /Objetivos
O agrupamento apresenta por objetivo difundir os ideais feministas através de publicações temáticas: “Propomo-nos publicar diferentes estudos que tenham por assunto: A propaganda feminista no seu aspeto geral.” (Osório, 1908), cf. quarta página do PDF.
6 – Evento(s) que organizou / participou: título; data e local; cartaz, anúncio publicado; notícias
Nota: A consulta de a Tribuna Feminina poderá esclarecer se representantes do GPEF participaram num Congresso Feminista de Paris.
7 – Afiliações internacionais
Desconhecido
8 – Memorabilia (crachás e outros artefactos)
Desconhecido
9 – Símbolo da Organização /Logotipo
Desconhecido
10 – Percurso da Organização: sumário
Grupo Português de Estudos Feministas (Lisboa, 1907-1908)
Fundado por Ana de Castro Osório, é uma das primeiras agremiações nacionais criada em torno dos ideais feministas. Apresentou-se com o desígnio pioneiro de criar uma biblioteca feminista através da publicação de estudos sobre os direitos e papéis das mulheres, e a sua diversa condição nas diferentes regiões do país. Secretariado por Maria Veleda, teve a adesão de professoras e das médicas Adelaide Cabete, Carolina Beatriz Ângelo e Sofia Quintino. Atribui-se a sua efémera existência à formação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, iniciada em agosto de 1908, cuja fundação e direção envolveu várias mulheres do GPEF.
Na publicação do GPEF, A Educação Cívica da Mulher (1908), esclarece-se que a formação da biblioteca, dirigida especialmente às mulheres portuguesas e brasileiras, tinha por objetivo “estudar os problemas sociais sob o ponto de vista feminista”. Neste contexto, as publicações iriam abordar algumas áreas temáticas selecionadas: A História da Mulher através dos séculos; A mulher e o Código Português; A mulher na burguesia; A mulher educadora; A mulher filha, esposa e mãe; Estudos sobre a condição da mulher em Portugal; Indústrias caseiras e industriais femininas; Manuais de ensino. Além das publicações programadas, assinala sob o título “Apontamentos para uma Bibliografia Feminista” alguns artigos e livros escritos por mulheres e homens, e cinco periódicos (Ave Azul; Jornal da Mulher; A Moda Ilustrada; Por Alto; Alma Feminina).
A publicação inaugural, descrita como “não é aquilo que desejávamos que fosse, mas sim um ligeiro trabalho”, é a única realizada sob a chancela do Grupo. No entanto, reconhece-se ao GPEF o grande mérito de identificar uma lacuna no estudo e divulgação dos ideais feministas em Portugal e de apresentar em consonância um programa para contrariar essa situação. Por outro lado, alguns dos tópicos enunciados foram desenvolvidos e conheceram publicação noutros contextos, em momento posterior.
A última informação conhecida sobre o Grupo refere-se a 23 de julho de 1908, data em que se realizou uma reunião noturna para abordar a participação no Congresso Feminista de Paris.
11 – Fontes Bibliográficas primárias
OSÓRIO, Ana de Castro (1908) – A Educação Cívica da Mulher. Lisboa: Grupo Português de Estudos Feministas. Typographia Liberty.
A tribuna feminina.[5] «A República», 16/07/1908, col.6, p.1.
A tribuna feminina. «A República», 24/07/1908, col.1, p.3.
Jornal da Mulher: “O congresso feminista de Paris – O que farão as feministas portuguesas?” «O Mundo», 18/07/1908, col.2, p. 5.
12 – Fontes Bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (2005) – Grupo Português de Estudos Feministas. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 376-377.
ESTEVES, João (2014) – Ana de Castro Osório (1872-1935) [Col. Fio de Ariana]. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais
A Educação Cívica da Mulher, apenas texto, aqui: https://www.europeana.eu/en/item/10501/bib_rnod_293105
Ave Azul – Revista dirigida por Beatriz Pinheiro: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AveAzul/AveAzul.htm
NOTAS:
[1] (Osório, 1908), cf. terceira página do PDF.
[2] (Esteves, 2005).
[3] (Osório, 1908), cf. penúltima página do PDF.
[4] (Esteves, 2005).
[5] A tribuna feminina é uma secção do jornal A República.
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / outubro 2021
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Grupo Português de Estudos Feministas. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 86-89.