SOFIA POMBA GUERRA

1 – Nome conhecido / Nome civil

Sofia Pomba Guerra / Maria Sofia Carrejola Pomba do Amaral Guerra (Maria Rosa, pseudónimo)

 

2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte

Elvas (S. Pedro), 18 de julho de 1906 / Lisboa, 12 de agosto de 1976[1]

 

3 – Profissão / cargo / função / ocupação

Médica farmacêutica e analista, professora, tradutora, autora (romance e ensaio), ativista feminista

 

4 – Relação com organizações feministas

Secção Feminina da Sociedade de Estudos de Moçambique[2] (fundadora e presidente)

Apoio à candidatura presidencial do general Norton de Matos (1949): Comissão Central de Candidatura de Moçambique (que lidera)

 

5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar

 

6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)

Guerra, Maria Sofia Pomba (1948) – O problema dos trabalhos domésticos. «Boletim da Sociedade de. Estudos da Colónia de Moçambique» (Lourenço Marques), Ano XVIII, n.º 59, outubro-dezembro, p.5-23.

 

7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas

Noémia de Sousa

Cassiano Carvalho Caldas

Fausto Teixeira

Gumercindo de Oliveira Correia

Osvaldo Vieira (PAIGC)

Amílcar Cabral

Aristides Pereira

Platão Zorai do Amaral Guerra (marido)

 

8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações

Em Outubro de 2018, a Casa do Alentejo, em Lisboa, organizou uma homenagem a Sofia Pomba Guerra[3], com a intervenção de investigadoras/es (Diana Andriga, Carlos Lopes Ferreira, Luís Carvalho).

Em 30 de novembro de 2018, o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto organizou a conferência “Sofia Pomba Guerra: uma antifascista portuguesa na luta anticolonial”[4]

 

9 – Espólios

 

10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário

Maria Sofia Guerra (1906-1970 ou 1976) nasceu na cidade de Elvas, formou-se em Farmácia na Universidade de Coimbra (1929) e foi viver para Moçambique, em 1930, com o marido, também farmacêutico, e a filha, ainda bebé. Naquele meio tradicional, autoritário, social e economicamente muito estratificado, o seu pensamento surge em publicações periódicas, que revelam a etapa inicial de militância da jovem feminista que se tornou uma importante líder da resistência antifascista e apoiante da luta anticolonial, pelo que é considerada uma das raras feministas europeias, na sua época, frontalmente antirracista e anticolonialista.

Filha de António Joaquim Ferreira Pomba, capitão do exército, e de Guilhermina da Conceição Carrejola Pomba, nasceu a 18 de julho de 1906 em São Pedro, Elvas. Conclui o curso de Farmácia em Coimbra, em 1929 e, no ano seguinte, razões económicas levaram a jovem família a emigrar para Moçambique, estabelecendo-se na vila de Tete e, passados dois anos, em Lourenço Marques (Maputo). Só vai conseguir emprego na função pública dez anos depois do marido, embora com a mesma formação. Já em Lourenço Marques inicia colaboração no jornal operário O Emancipador (entre 1932 e 1936); no diário generalista Notícias, em 1936 onde a sua escrita não surge nos espaços restritos dentro dos jornais dedicados aos “assuntos de mulheres” (modas e penteados) (Cabreira & Carvalho, 2019); no Itinerário “publicação mensal de letras, artes, ciências e cultura” editada entre 1941 e 1955 (Esteves, 2013, p. 705). Os seus textos feministas, detalhadamente analisados por Cabreira & Carvalho (2019) podem, de forma simplificada, agrupar-se nas temáticas do trabalho e educação das mulheres.

Sofia Guerra enfatizava a necessária libertação económica e profissional das mulheres tendo por objetivo a mudança estrutural da sociedade, sendo recorrente o mote “para trabalho igual salário igual”. Em 1948/49 funda e lidera a secção feminina da Sociedade de Estudos de Moçambique. Na mesma época, que coincide com o movimento de apoio à candidatura de Norton de Matos, cada colónia vai ter a sua Comissão Central de Candidatura, sendo a de Moçambique liderada por Sofia Pomba Guerra.

O seu papel na oposição à ditadura de Salazar estende-se à Guiné na década de 1950. A sua atividade política faz com que seja presa e deportada para o forte de Caxias – “tornou-se na primeira mulher branca a ser presa e deportada para a metrópole: apresentada na PIDE em 23 de novembro de 1949 `para averiguações de organização comunista`” onde ficou detida até a ordem de absolvição sendo liberta a 4 de julho de 1950 (Esteves, 2013, p. 705-706).

Quanto à data da sua morte as informações encontradas não coincidem: “Morreu, antes da independência, no início da década de 1970” (Esteves, 2013, p.706); “faleceu em Lisboa, dois anos depois do 25 de Abril, a 12 de agosto de 1976” Memorial aos presos e perseguidos políticos, consultado em: https://www.memorial2019.org/site/presos/maria-sofia-carrejola-pomba-guerra

11 – Fontes bibliográficas primárias

AAVV (1949) – Às Mulheres de Portugal. Colectânea dalguns discursos pronunciados para propaganda da Candidatura. (Prefácio do Prof. Azevedo Gomes). Lisboa: Edição dos Serviços Centrais da Candidatura do General Norton de Matos.

GUERRA, Maria Sofia Pomba (1935) – Dois anos em Africa. Edição da Autora.

GUERRA, Maria Sofia Pomba (1948) – O problema dos trabalhos domésticos. «Boletim da Sociedade de Estudos da Colónia de Moçambique» (Lourenço Marques), Ano XVIII, n.º 59, outubro-dezembro, p.5-23.

«Nem o ‘Diabo’ quer nada com ela…». In «União», de 15 de julho de 1936. Arquivo Biblioteca Nacional de Portugal.

12 – Fontes bibliográficas secundárias

BARRADAS, Ana (1988) – Sofia Pomba Guerra. In BARRADAS, Ana – Dicionário Incompleto de Mulheres Rebeldes. Lisboa: Edições Antígona, p. 188.

CABREIRA, Pamela Peres; CARVALHO, Luís (2019) – Sofia Pomba Guerra: Uma Feminista na Imprensa Moçambicana dos Anos 1930. ex. æquo, n.º 39. Lisboa: Edições Colibri, p. 121-135. Disponível em: https://run.unl.pt/bitstream/10362/95406/1/Sofia_Pomba_Guerra_a_feminist_in_the_Mozambican_Press_of_the_1930s_.pdf

ESTEVES, João (2013) – Maria Sofia Carrejola Pomba do Amaral Guerra. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. Feminæ Dicionário Contemporâneo. Lisboa: Livros Horizonte, p. 705-707.

JANEIRO, Helena Pinto (2010) – A questão feminina na campanha de Norton de Matos. In PAULO, Heloísa; JANEIRO, Helena Pinto, ed.Norton de Matos e as Eleições Presidenciais de 1949: 60 anos depois. Lisboa: Colibri, p. 35-56.

13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;

– Fotos de Sofia Pomba Guerra na exposição da Casa do Alentejo, 2018: http://silenciosememorias.blogspot.com/2018/10/1877-sofia-pomba-guerra-vi-exposicao-na.html:

–  Foto do espaço de exposição;

–  Foto de perfil s/d;

– Capa do livro “Dois anos em África”;

– Foto de perfil na juventude s/d;

– Foto com o marido e as três filhas s/d;

– Foto num laboratório (1943);

– Foto ao ar livre em África, s/d;

– Foto do Jornal de Notícias: Sofia a discursar na campanha de Norton de Matos, 1949.

– Duas fotos do registo criminal;

– Duas fotos após a saída da prisão (1950);

– Foto de grupo com familiares e amigos em cabo Verde (anos 50);

– Sofia com a filha Tafia em motocicleta, em Portugal (anos 60)

 13a) – Foto de Perfil

https://www.memorial2019.org/site/presos/maria-sofia-carrejola-pomba-guerra

 

NOTAS:

[1] Datas divergem consoante a fonte (cf. Sumário).

[2] Moçambique, hoje estado livre e independente, era à época colónia de Portugal e todas as referências a Moçambique, neste ficha, se contextualizam nesse passado colonial.

[3] https://www.esquerda.net/evento/homenagem-sofia-pomba-guerra/57558

[4] cf. https://radioelvas.com/2018/11/30/a-elvense-sofia-pomba-guerra-e-tema-de-conferencia-na-universidade-do-porto/

Inventariante / data:

Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021

Este trabalho, para efeitos de citação:

RIBEIRO, Ana (2021) – Sofia Pomba Guerra. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 152-156.

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