Anda desde o dia de ontem a circular nas redes sociais, um live do Instagram onde um jovem afirma com toda a naturalidade e orgulho ter violado uma jovem, após lhe ter sido perguntado qual foi a coisa mais louca que fez no sexo.
Os entrevistadores incrédulos com a resposta continuaram com questões de forma a perceber se a resposta era “gozo” ou não e ainda questionaram o conceito de violação, ao qual o convidado do live descreveu na perfeição e sempre com um sorriso nos lábios. Como se não bastasse identificou publicamente a vítima e afirmou que após o ato, o INEM foi socorre-la.
Este discurso de normalidade da violência sexual demonstra bem a sociedade machista em que vivemos e que igualdade entre homens e mulheres é ainda uma ilusão. A mulher é vista como um pedaço de carne que está à mercê dos apetites sexuais de um qualquer criminoso.
O relatório Anual de Segurança Interna de 2019 registou 431 queixas por violação em 2019, uma subida de 2.4% no 3º ano consecutivo de subida de casos. Sabemos que a realidade é ainda pior, pois o medo, a vergonha e a culpa mascaram estes números.
A violação é neste momento um crime semi-público, só a vítima ou o Ministério Público, se considerar que é do interesse da vítima, podem iniciar um processo contra este violador e todos os outros que cometem crimes sexuais.
Está na hora de a nossa sociedade evoluir e não é só com educação que se transformam sociedades, a cultura machista e patriarcal tem de uma vez por todas dar lugar à justiça, igualdade e direitos.
A FEM repudia qualquer crime cometido contra mulheres e estará cá para a construção de uma sociedade igualitária.