Bibliofem

Associação de Propaganda Feminista - APF

 
A 12 de maio de 1911, no consultório da médica Carolina Beatriz Ângelo, realiza-se a reunião que dá início às atividades da Associação de Propaganda Feminista (APF), a primeira organização portuguesa a assumir-se como sufragista. A fundação da APF resulta das divergências no seio da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (LRMP) sobre o voto feminino e a tolerância religiosa que opuseram Maria Veleda a Ana de Castro Osório (até aí, presidente da LRMP), que saiu e é acompanhada, entre outras dissidentes[9], por Carolina Beatriz Ângelo, que preside a APF até à sua morte prematura em outubro de 1911, sucedendo no cargo Ana de Castro Osório e, no início de 1916, Elzira Dantas Machado. A APF, que cortou ligações partidárias ao Partido Republicano embora defensora do ideal republicano, “assumiu-se como feminista e concentrou os esforços na reivindicação do sufrágio feminino e na análise dos problemas específicos da mulher” (Esteves, 2005, p. 141). Além do combate mundial pelo direito de voto das mulheres destacam-se outras duas causas que moveram a APF, a Guerra 1914-1918 e o caso da condenada Maria Fermiana. Declarar-se exclusivamente feminista dificultou a captação de adeptas, por outro lado, o discurso da APF apresenta-se pouco estruturado e as iniciativas desenvolvidas tiveram pouco impacto. Ainda assim, esta agremiação prolongou-se após a morte de Carolina Beatriz Ângelo e a partida de Ana de Castro Osório para o Brasil, em 1911, mantendo-se até 1918. Distinguiu-se pelo pendor internacionalista e reconhecimento internacional obtido pelo voto histórico da sua presidente e pela capacidade de veicular os seus ideais nos dois órgãos de impressa que fundou. Esta organização encontra-se estudada em profundidade por João Esteves que lhe dedicou uma publicação (1998).
 
Sobre
1 – Denominação (Local, Data da Fundação/Encerramento)
Associação de Propaganda Feminista (Lisboa, 12/05/1911-1918)
Na sua fase final (1917-1918) foi utilizada a designação Associação de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher
2 – Morada da(s) Sede(s)
Primeiras reuniões no consultório de Carolina Beatriz Ângelo (Lisboa, Rua Nova do Almada, 64)[1]; num certo período funcionou na casa de Mariana Osório de Castro (Lisboa, Rua do Arco do Limoeiro, 17)[2].
3 – Presidente(s), fundadoras, militantes, representantes
Presidentes e outros cargos:
Carolina Beatriz Ângelo (presidente em 1911)
Joana de Almeida Nogueira (1911-1914) eleita vice-presidente da direção na reunião fundadora, substitui Carolina Beatriz Ângelo na presidência
Mariana Osório de Castro (segunda presidente eleita)
Ana de Castro Osório (quando retorna do Brasil, presidente, em 1914 até presidência de EDM); secretariou a reunião fundadora e foi eleita 1ª secretária da direção)
Elzira Dantas Machado (presidente eleita em 15/02/1916, cujo mandato, de facto, foi nos anos 1915, 1916, 1917)
Maria Laura Monteiro Torres (eleita 2ª secretária da direção na reunião fundadora, que secretariou)
 
Militantes:
Não ultrapassou a centena de sócias, mas entre estas contavam-se nomes históricos da militância feminista e republicana portuguesa:
Adelaide Costa; Adelaide de Sousa Barradas; Águeda Pereira e Silva Gomes; Albertina Aldegundes de Moura Benício; Alice Moderno; Alzira Vieira; Amélia Jacobety Faure de Rosa; Amélia Augusta Graça Soares e Sousa Zuzarte; Amélia Trigueiros de Sampaio; Ana Augusta de Castilho; Antónia Bermudez; Beatriz Adelaide da Cunha Magalhães; Beatriz Magalhães Adão; Beatriz Pinheiro; Constança Dias; Corina Ângelo do Couto; Delfina Goulart de Lemos; Dilára da Visitação Moura; Domicilia de Castro Fernandes; Elmana Trigo de Brito; Elvira Barreto de Carvalho; Emília de Sousa Costa; Ermelinda Rodrigues da Silveira; Felismina Branquinho Lopes de Oliveira; Filomena de Albuquerque Manso Preto; Guilhermina de Bataglia Ramos (Rua do Arco do Limoeiro, 17)[3].; Ilda Jorge de Bulhão Pato; Inês da Conceição Conde; Isabel Maria Correia/Maria Isabel Correia; Josefa da Nazaré Carita Gameiro; Júlia Antunes Franco; Júlia das Mercês Ferreira; Júlia Santos; Laura de Almeida Nogueira; Laurinda Augusta Ferreira; Leopoldina Penella; Luthegarda Guimarães de Caires; Manuela Bermudez; Maria da Glória Baptista e Sousa; Maria da Luz Pereira e Silva; Maria de Figueiredo Fryo e Gomes; Maria do Carmo Bahia Rodrigues dos Santos; Maria do Carmo Lopes; Maria Emília Ângelo Barreto; Maria Ermelinda Rosa Simões Chós; Maria Evelina de Sousa; Maria Feio; Maria Felizardo Coelho; Maria Francisca Dantas Machado; Maria Irene Zuzarte; Maria Isabel Correia Manso; Maria José B. Ângelo; Mariana Osório de Castro; Palmira do Carmo Martins; Palmira Ribeiro; Rita Olímpia Dantas Machado; Teodora Marques; Vitória Baptista de Sousa; Vitória Pais Freire de Andrade Madeira

4 – Órgão(s)
A Mulher Portuguesa (1912-1913)[4]
A Semeadora (1915-1918)[5]
5 – Programa / Estatutos /Objetivos
A APF tinha por ambição e metas “elevar a mulher pela educação e instrução”[6].
A APF visava, de acordo com os estatutos publicados na Revista Pedagógica (Associação de Propaganda Feminista, 31/08/1911, col.3, p. 1 e col.1., p. 2):
“1º O levantamento moral e social da mulher e a sua independência económica, sem a qual não pode existir em bases seguras esse levantamento; 2.º Promover por todos os meios ao seu alcance a educação e a instrução feminina; 3º Vigiar e estudar as leis sob o ponto de vista feminino; 4.º Fazer a propaganda sufragista que é a base do sufragismo e do humanismo, porque desde que a mulher esteja afastada da questão social e política os seus direitos serão sempre esquecidos; 5.º Proteger moral e materialmente as mulheres e as crianças; 6.º Auxiliar as escolas, promover festas infantis, dar, enfim, todo o seu concurso moral e material quando o possa à instrução infantil; 7.º Pôr-se em contacto com todas as associações feministas do mundo; 8.º Publicar, logo que os recursos da Associação o permitam, um jornal semanal de propaganda feminista, tratando de questões sociais, históricas e educativas.” (Esteves, 1998, p.27-28; 2005, p.141-142).
6 – Evento(s) que organizou / participou: título; data e local; cartaz, anúncio publicado; notícias
“Programa” da festa inaugural e lista de personalidades a convidar (incluindo Maurício Costa, advogado da APF), cf. carta de Carolina Beatriz Ângelo a Ana de Castro Osório que esta recebeu a 11/10/1911, após ter recebido a notícia da morte da amiga por telegrama de 04/10/1911 (Esteves, 2008, p.243).
Não foi possível ainda confirmar se a comissão de representantes portuguesas eleitas para participar no sétimo Congresso da International Women Sufragge Alliance (todas sócias da APF: Ana Augusta Castilho, Ana de Castro Osório, Beatriz Pinheiro, Luthgarda de Caires, Joana de Almeida Nogueira e Maria Veleda), que se realizou em Budapeste (15-21 de junho de 1913), de facto esteve presente no evento[7].
7 – Afiliações internacionais
“Em resultado do facto de Carolina Beatriz Ângelo ter sido a primeira mulher a votar em Portugal, e na Europa do Sul, a APF ganhou projeção nacional e internacional tendo sido nesse mesmo ano admitida na International Women Suffrage Alliance. Primeiro surgiu o convite para o 6.º Congresso, que decorreu em Amesterdão, em 1911, e a admissão foi confirmada por carta de 16 de novembro, assinada por Martina G. Kramers.” (Esteves, 2005, p. 142).
8 – Memorabilia (crachás e outros artefactos)
Em carta (ver ponto 6.) Carolina Beatriz Ângelo refere-se a uma bandeira.
9 – Símbolo da Organização /Logotipo
Apresenta como insígnia três cravos brancos (Esteves, 1998, 2005)[8]
10 – Percurso da Organização: sumário
(…)
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13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais
 – Revista Illustração Portuguesa, n.º 276, de 5/06/1911 (Título : “Estão eleitas as Constituintes. A eleição em Lisboa”, p. 713-715: foto e texto): “Uma nota curiosa das eleições foi a de votar uma senhora, a única eleitora portugueza, a medica D. Carolina Beatriz Ângelo, inscripta com o numero 2:513 na freguesia de S. Jorge de Arroyos.”
Legenda da foto n.º 4: A srª D. Carolina Beatriz Ângelo, a primeira eleitora portugueza, acompanhada pela srª D. Anna de Castro Osorio, presidente da Liga das Suffragistas Portuguezas – Clichés de Benoniel): http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/1911/N276/N276_master/N276.pdf
– Notícia e publicação da carta de Martina G. Kramers da Women Suffrage Alliance: http://ric.slhi.pt/A_Mulher_Portuguesa/visualizador/?id=20010.001&pag=5
 
NOTAS:
[1] Cf. Página de anúncios em A Mulher e a Criança, n.º 13, Ano II, junho de 1910.
[2] Cf. Esteves, 2014, p.36.
[3] Esteves, 2014, p.36.
[4] Cinco números digitalizados e analisados: http://ric.slhi.pt/A_Mulher_Portuguesa/revista
[5] Digitalização (total de 142 páginas) em Biblioteca Nacional Digital: https://purl.pt/26894/1/index.html#/18-19/html
[6] João Esteves (1998) refere que a aclaração sobre a conduta da Associação foi feita por Carolina Beatriz Ângelo em várias entrevistas que concede em abril e maio de 1911, mas “acabou por ser Ana de Castro Osório a responsável pela definição das suas ambições e metas” (p.31) em publicação de 1912: Associação de Propaganda Feminista – `Perseverança, Verdade, Justiça`. «A Mulher Portuguesa», n.º 1, junho de 1912, col, 2, p. 2.
[7] Dar seguimento a este tópico pela consulta de: Elisabeth Cady Stanton et al “History of Woman Sufragge 1900-1920”.
[8] Na conhecida foto de Carolina Beatriz Ângelo acompanhada de Ana de Castro Osório, a  28/05/1911, quanto votou, pode observar-se que usam estas flores na lapela dos casacos.
[9] Demissionárias: Ana de Castro Osório (presidente), Carolina Beatriz Ângelo (vice-presidente), Rita Dantas Machado (tesoureira da direção), Maria Laura Monteiro Torres (1ª secretária da mesa da assembleia geral) e Maria Irene Zuzarte (2ª secretária da mesa da assembleia geral) que se demitiram dos cargos que ocupavam na Liga (Esteves, 1998, p. 25). Em torno deste núcleo delineou-se a nova organização, contudo porque este historial dava azo a confusões entre as duas organizações Antónia Bermudez publica artigo para frisar a distinção:  Associação de Propaganda Feminista, O Mundo, 9/9/1913, col. 2., p. 1.
Inventariante / data
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / outubro 2021
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Associação de Propaganda Feminista. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 90-96.

Bibliografia
11 – Fontes Bibliográficas primárias
Associação de Propaganda Feminista, Revista Pedagógica, 31/08/1911, col.3, p. 1 e col.1, p. 2.
OSÓRIO, Ana de Castro (1911) – O triunfo feminista–A conquista do voto. «O Tempo», 16/05/1911, cols. 1-3, p. 1.
OSÓRIO, Ana de Castro (1912) – Associação de Propaganda Feminista – `Perseverança, Verdade, Justiça`, «A Mulher Portuguesa», n.º 1, junho de 1912, col, 2, p. 2.
 Sufragistas Portuguesas– Resolvem fundar uma Associação de propaganda. «O Tempo», 13/05/1911, col.2, p. 3.
12 – Fontes Bibliográficas secundárias
 ESTEVES, João (1998) – As Origens do Sufragismo Português. A primeira organização sufragista portuguesa: A Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Editora Bizâncio.
ESTEVES, João (2005) – Associação de Propaganda Feminista. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 141-142.
ESTEVES, João (2014) – Ana de Castro Osório (1872-1935) [Col. Fio de Ariana]. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
VAQUINHAS, Irene (2013-2014) – Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). In ROLLO, Maria Fernanda, coord. geral (2013-2014) – Dicionário de História da I República e do Republicanismo.  Lisboa: Assembleia da República, p. 260-261. Disponível em: https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/41365/1/Associaçao%20de%20propaganda%20feminista.pdf

 

 
Comissão Eleitoral Feminina CEF

As eleições presidenciais de 1949 foram as primeiras eleições em que a oposição ao Estado Novo apresentou um candidato unitário, o General Norton de Matos, contra o candidato do regime, o Marechal Óscar Carmona e, também as primeiras em que as mulheres portuguesas se mobilizaram para apoiar os candidatos, facto que lhes garantiu visibilidade e peso político (Janeiro, 2010), embora não se tratasse de uma participação prevista. A “mobilização de mulheres para o trabalho político oposicionista é potenciada pelo facto do direito de voto concedido por Salazar nos anos 30 a algumas mulheres, ter sido alargado pela Lei n.º 2015, de 28 de maio de 1946, o que obrigou a tomar em consideração esse nicho eleitoral (Janeiro, 2010, p. 3). A Comissão Central dos Serviços da candidatura do general Norton de Matos – comissão criada no âmbito do MUD – Movimento de Unidade Democrática, fundado a 8 de outubro de 1945 – foi inicialmente composta por homens, o alargamento às mulheres surge na sequência da proposta de Norton de Matos (reunião de 15/11/1948) para que a Comissão Central incluísse os presidentes de todas as comissões distritais de candidatura, momento em que Câmara Reis lembra que, de acordo com a Constituição, as mulheres eram eleitoras e sugere inclui-las também na campanha, o que é aceite pelo candidato presidencial. “Curiosamente, da mesma forma que o regime congregava as mulheres em estruturas como a Obra das Ma?es ou a Mocidade Portuguesa Feminina, as oposicionistas são relegadas para uma comissão própria, a Comissão Eleitoral Feminina, também conhecida por Núcleo Feminino da Propaganda.” (Janeiro, 2010, p. 6), partição que não deixa de refletir “a desigualdade de estatuto político entre os sexos” (Gorjão, 2007, p.119). Embora a representação feminina nas estruturas dirigentes dos serviços da candidatura fosse pouca expressiva em número, a qualidade das intervenções públicas garantiu às mulheres grande protagonismo. Destacam-se as mulheres com “maior consciencialização política, (que) focam a sua atenção na questão central das eleições: os direitos, liberdades e garantias que o Estado Novo cerceia” (Janeiro, 2010, p. 7). As mulheres em campanha por Norton de Matos partilham com os homens a mesma pauta política tendo por objetivo último a conquista da democracia para Portugal, o que não as impede de apresentar, em paralelo e de forma clara, “uma agenda reivindicativa feminista” (Janeiro, 2010, p. 9). Esta agenda, que surge sintetizada no “Discurso pronunciado pela Dra. Cesina Bermudes, em Santarém” (Às mulheres de Portugal..., 1949, p. 98-99), inclui a abolição do regulamento da prostituição; salário igual para trabalho igual; equiparação jurídica dos dois sexos; assistência social para as mulheres independentemente do estado civil; sufrágio universal. “Se o retrato das mulheres é apresentado como parte integrante da realidade portuguesa na sua globalidade, tem, no entanto, a novidade de levar ao conhecimento público a situação não idealizada da metade feminina do país” (Janeiro, 2010, p. 23). Em reação às declarações públicas das oposicionistas, as mulheres pró-regime organizam-se criando o Movimento Nacional Feminino liderado por Maria Teresa Andrade Santos[1] que congregou milhares de mulheres “habilmente manipuladas pela máquina de propaganda da Situação” (Janeiro, 2010, p. 22). Norton de Matos acaba por desistir da candidatura porque os seus apoiantes não quiseram colaborar na farsa eleitoral prevista.

Sobre
1 – Denominação (Local, Data da Fundação/Encerramento)
Comissão Eleitoral Feminina ou Núcleo Feminino da Propaganda (para apoio à Candidatura de Norton de Matos nas eleições presidenciais de 1949)
2 – Morada da(s) Sede(s)
Implantação nacional (comissões central, distritais e concelhias e nas “colónias”, designação comumente atribuída aos territórios africanos e asiáticos colonizados por Portugal à época e que hoje são países livres e independentes)
3 – Presidente(s), fundadoras, militantes, representantes
Cesina Bermudes; Ema Quintas Alves; Ermelinda Cortesão; Esmeralda Flora Bento da Silva; Irene Bártolo Russell; Isabel de Vilhena; Lídia França Pereira; Lucinda Tavares; Luísa de Almeida; Madalena Almeida; Maria Amélia Mendonça; Maria Augusta Mimoso; Maria das Dores Medeiros; Maria Helena Novais; Maria Isabel Aboim Inglez; Maria Lamas; Maria Luísa Almeida; Maria Luísa Caldas; Maria Sofia Carrajola Pomba Amaral da Guerra (Sofia Pomba Guerra); Maria Teixeira; Maria Palmira Tito de Morais; Manuela Porto; Natália Correia; Virgínia Moura
4 – Órgão(s)
N/A
5 – Programa / Estatutos / Objetivos
Apoio à Candidatura de Norton de Matos nas eleições presidenciais de 1949.
6-Evento(s) que organizou / participou: título; data e local; cartaz, anúncio publicado; notícias
Sessão plenária de delegados das 14 comissões concelhias do distrito de Santarém, 9 de janeiro de 1949 – presidida por Esmeralda Flora Bento da Silva
Sessões em Coimbra e Espinho – 13/01/1949 (noticiadas por República, 14/01/1949, p.5)
Sessão em Voz do Operário, 28 de janeiro de 1949 – palestra de Maria Isabel Aboim Inglez; palestra de Maria Lamas; palestra de Manuela Porto
Assembleia de delegados/as, 7 de fevereiro, Centro Republicano António José de Almeida (onde foi decidido não ir às urnas)
7 – Afiliações internacionais
N/A
8 – Memorabilia (crachás e outros artefactos)
Cartazes (5) de propaganda: “Vota/Votai em Norton de Matos”: https://restosdecoleccao.blogspot.com/2010/08/norton-de-matos-e-as-presidenciais-de.html
9 – Símbolo da Organização /Logotipo
10 – Percurso da Organização: sumário
(…)
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13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais

NOTAS:
[1] Cf. https://www.publico.pt/2008/02/12/jornal/cecilia-supico-pinto-248887
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Comissão Eleitoral Feminina (campanha de Norton de Matos). In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 97-101.

Bibliografia
11 – Fontes Bibliográficas primárias
“A? Nac?a?o”. In MATOS, Norton (1948) – Os dois primeiros meses da minha candidatura à presidência da República (9-VII-48 a 9-IX-48). Lisboa: Edição do Autor, p. 70.
AAVV (1949) – Às Mulheres de Portugal. Colecta?nea dalguns discursos pronunciados para propaganda da Candidatura. (Prefácio do Prof. Azevedo Gomes). Lisboa: Edição dos Serviços  Centrais da Candidatura do General Norton de Matos.
Cf. Arquivo CM Ponte de Lima “General Norton de Matos” em: https://pesquisa-arquivo.cm-pontedelima.pt/details?id=1057148
 12 – Fontes Bibliográficas secundárias
BASTOS, Daniel – (2008) – Mulheres na política. A Participação Feminina na Campanha Presidencial de 1949 em Évora.  PEREIRA, Sara Marques; MANSO, Maria de Deus; FAVINHA, Marília, coord. – «Feminino ao Sul: História e Historiografia da Mulher». Lisboa: Livros Horizonte, p 37-43.
FIADEIRO, Maria Anto?nia; MORAIS, Maria Palmira Tito (1987) – Andei a fazer no estrangeiro o que na?o consegui ainda fazer em Portugal. «Dia?rio de Noti?cias», 2/9/1987, p. 22-23.
GORJÃO, Vanda (2002) – Mulheres em Tempos Sombrios. Oposição Feminina ao Estado Novo. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. Coleção Estudos e Investigação.
GORJÃO, Vanda (2007) – Oposição feminina (?), oposição feminista (?) ao Estado Novo. In AMÂNCIO, Lígia; TAVARES, Manuela; JOAQUIM, Teresa; ALMEIDA, Teresa Sousa, org. – O Longo caminho das mulheres: Feminismos 80 anos depois. Lisboa: Publicações Dom Quixote.
JANEIRO, Helena Pinto (2010) – A questão feminina na campanha de Norton de Matos. In PAULO, Heloísa; JANEIRO, Helena Pinto, ed. – Norton de Matos e as Eleições Presidenciais de 1949: 60 anos depois. Lisboa: Colibri, p. 35-56.
OLIVEIRA, Maria Jose? (2006) – Maria Palmira Tito de Morais: A enfermeira que enfrentou Salazar em defesa dos direitos das mulheres. «O Pu?blico», 9/4/2006, p. 18- 19.
SILVA, Maria Isabel de Alarcão (1994) – O Movimento de Unidade Democrática e o Estado Novo 1945-1948. Lisboa: FCSH-UNL Tese de Mestrado.
 
 
Grupo Português de Estudos Feministas GPEF

Grupo Português de Estudos Feministas (Lisboa, 1907-1908) Fundado por Ana de Castro Osório, é uma das primeiras agremiações nacionais criada em torno dos ideais feministas. Apresentou-se com o desígnio pioneiro de criar uma biblioteca feminista através da publicação de estudos sobre os direitos e papéis das mulheres, e a sua diversa condição nas diferentes regiões do país. Secretariado por Maria Veleda, teve a adesão de professoras e das médicas Adelaide Cabete, Carolina Beatriz Ângelo e Sofia Quintino. Atribui-se a sua efémera existência à formação da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, iniciada em agosto de 1908, cuja fundação e direção envolveu várias mulheres do GPEF. Na publicação do GPEF, A Educação Cívica da Mulher (1908), esclarece-se que a formação da biblioteca, dirigida especialmente às mulheres portuguesas e brasileiras, tinha por objetivo “estudar os problemas sociais sob o ponto de vista feminista”. Neste contexto, as publicações iriam abordar algumas áreas temáticas selecionadas: A História da Mulher através dos séculos; A mulher e o Código Português; A mulher na burguesia; A mulher educadora; A mulher filha, esposa e mãe; Estudos sobre a condição da mulher em Portugal; Indústrias caseiras e industriais femininas; Manuais de ensino. Além das publicações programadas, assinala sob o título “Apontamentos para uma Bibliografia Feminista” alguns artigos e livros escritos por mulheres e homens, e cinco periódicos (Ave Azul; Jornal da Mulher; A Moda Ilustrada; Por Alto; Alma Feminina). A publicação inaugural, descrita como “não é aquilo que desejávamos que fosse, mas sim um ligeiro trabalho”, é a única realizada sob a chancela do Grupo. No entanto, reconhece-se ao GPEF o grande mérito de identificar uma lacuna no estudo e divulgação dos ideais feministas em Portugal e de apresentar em consonância um programa para contrariar essa situação. Por outro lado, alguns dos tópicos enunciados foram desenvolvidos e conheceram publicação noutros contextos, em momento posterior. A última informação conhecida sobre o Grupo refere-se a 23 de julho de 1908, data em que se realizou uma reunião noturna para abordar a participação no Congresso Feminista de Paris.


Sobre
1 – Denominação (Local, Data da Fundação/Encerramento)
Grupo Português de Estudos Feministas (Lisboa, 1907[1]-1908[2])
2 – Morada da(s) Sede(s)
Rua do Conde Redondo, 139, 4.º- Lisboa[3] (residência de Hermínia Taborda)[4]
3 – Presidente(s), fundadoras, militantes, representantes
O GPEF foi fundado e liderado por Ana de Castro Osório. De acordo com João Esteves teve a adesão de várias professoras e das médicas Adelaide Cabete, Carolina Beatriz Ângelo e Sofia Quintino. Maria Veleda era a secretária. Na residência de Hermínia Taborda funcionava o depósito das publicações.
Nota: O nome de Beatriz Pinheiro surge associado ao GPEF porque esteve programado publicar-se uma recolha de textos seus, no entanto, por ora, não é explícita a sua condição de associada.
4 – Órgão(s)
O grupo não tinha um órgão. Propôs-se publicar estudos para formar uma Biblioteca de “estudos feministas e sociais” (Osório, 1908). Neste contexto, publicou uma conferência proferida por Ana de Castro Osório intitulada A Educação Cívica da Mulher. Este folheto inicia com “Algumas palavras de explicação” que indicam ser esta a primeira publicação do GPEF (cf. a 9ª página do PDF). É também esta publicação que revela o programa do Grupo.
5 – Programa /Estatutos /Objetivos
O agrupamento apresenta por objetivo difundir os ideais feministas através de publicações temáticas: “Propomo-nos publicar diferentes estudos que tenham por assunto: A propaganda feminista no seu aspeto geral.” (Osório, 1908), cf. quarta página do PDF.
6 – Evento(s) que organizou / participou: título; data e local; cartaz, anúncio publicado; notícias
Nota: A consulta de a Tribuna Feminina poderá esclarecer se representantes do GPEF participaram num Congresso Feminista de Paris.
7 – Afiliações internacionais
Desconhecido
8 – Memorabilia (crachás e outros artefactos)
Desconhecido
9 – Símbolo da Organização /Logotipo
Desconhecido
10 – Percurso da Organização: sumário
(…)
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13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais
 A Educação Cívica da Mulher, apenas texto, aqui: https://www.europeana.eu/en/item/10501/bib_rnod_293105
Ave Azul – Revista dirigida por Beatriz Pinheiro: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AveAzul/AveAzul.htm


NOTAS:
[1] (Osório, 1908), cf. terceira página do PDF.
[2] (Esteves, 2005).
[3] (Osório, 1908), cf. penúltima página do PDF.
[4] (Esteves, 2005).
[5] A tribuna feminina é uma secção do jornal A República.
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / outubro 2021
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Grupo Português de Estudos Feministas. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 86-89.
 
Bibliografia
11 – Fontes Bibliográficas primárias
OSÓRIO, Ana de Castro (1908) – A Educação Cívica da Mulher. Lisboa: Grupo Português de Estudos Feministas. Typographia Liberty.
A tribuna feminina.[5] «A República», 16/07/1908, col.6, p.1.
 A tribuna feminina. «A República», 24/07/1908, col.1, p.3.
 Jornal da Mulher: “O congresso feminista de Paris – O que farão as feministas portuguesas?” «O Mundo», 18/07/1908, col.2, p. 5.
 
12 – Fontes Bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (2005) – Grupo Português de Estudos Feministas. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 376-377.
ESTEVES, João (2014) – Ana de Castro Osório (1872-1935) [Col. Fio de Ariana]. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.

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