Feministas Portuguesas

Para estimular o pensamento crítico, apoiar estudantes e ativistas é criada a BIBLIOFEM, biblioteca de inspiração feminista para reunir livros e artigos de acesso livre, escritos/traduzidos em língua portuguesa sobre Estudos Feministas, Estudos sobre as Mulheres e Estudos de Género. Inclui fichas de consulta rápida sobre feministas e organizações feministas, orientadas para a pesquisa.

 
Investiga connosco as feministas do nosso país.
É nosso dever nomeá-las, conhecê-las, inscrevê-las na história.
 
 
Feministas Portuguesas: Ana Augusta de Castilho | Ana de Castro Osório | Beatriz Pinheiro | Carolina Beatriz Ângelo | Cesina Bermudes | Elzira Dantas Machado | Isabel Aboim Inglez | Joana de Almeida Mogueira | Lutegarda Guimarães de Caires | Mariana Osório de Castro | Sofia Pomba Guerra | Virgínia Moura

Ana Augusta de Castilho

1866 - 1916

Ana Augusta de Castilho, natural de Angra do Heroísmo, Açores, foi professora, escritora, militante republicana e ativista feminista, membro de várias organizações do primeiro movimento feminista português. Pertenceu à Liga Republicana das Mulheres Portuguesas onde “presidiu a reuniões; contribui com donativos para subscrições; representou a agremiação em acontecimentos públicos e reuniões políticas; interveio enquanto oradora” (1). Em 1913, colaborou na campanha a favor da aprovação pelo Parlamento, da anulação do direito de fiança aos violadores de menores. Desempenhou cargos diretivos como Vice-presidente da Direção (1912), Tesoureira (1913, 1914) e integrou a Mesa da Assembleia Geral (1916). Em 1914, juntamente com Ana de Castro Osório, Maria Benedita Mouzinho de Albuquerque Pinho e Antónia Bermudes, criou a Comissão Feminina `Pela Pátria` uma organização “sem preocupações partidárias” (2) “cujo objetivo era fabricar uma bandeira para os soldados mobilizados e, como tal não fosse possível, devido à disciplina militar, dedicou-se à recolha de lã e ao fabrico de agasalhos” (3), organização que teve atuação “junto de Câmaras Municipais, do professora do primário feminino e das associações de mulheres, e recebeu reconhecimento internacional de vários organismos e países” (4). No âmbito da Associação de Propaganda Feminista, foi eleita 2.ª secretária da Mesa da Assembleia Geral na reunião de 15/02/1916 e colaborou nos dois primeiros números de A Semeadora. Foi acionista da Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher tendo sido a tesoureira da sua comissão dirigente (Esteves, 1998, p. 186). Foi iniciada na Maçonaria, pertenceu à loja Carolina Ângelo do Grande Oriente Lusitano, tendo adotado o nome simbólico Brites de Almeida (padeira de Aljubarrota).  Era viúva do professor de música João de Castilho. Residia em Lisboa na Calçada do Poço dos Mouros. Faleceu em 1916 tendo Borges Grainho pronunciado o discurso fúnebre.

Sobre 
1 – Nome conhecido / Nome civil
Ana Augusta de Castilho
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Angra do Heroísmo (Sé), Açores, 16 de março de 1860 / São Jorge de Arroios, Lisboa, 1 de dezembro de 1916
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Professora, escritora, ativista feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Liga Republicana das Mulheres Portuguesas ; Grupo das Treze; Obra Maternal (Presidente dos corpos gerentes, 1914, 1915); Escola Solidariedade Feminina (fundadora e docente, 1914); Associação de Propaganda Feminista ; Comissão Feminina `Pela Pátria` ; Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher (acionista, tesoureira); Cruzada das Mulheres Portuguesas
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar
Eleita para integrar o grupo que deveria representar as feministas portuguesas no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (15 a 20 de junho, 1913).
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)
CASTILHO, Ana Augusta (1912) – Sufrágio Feminino. «A Madrugada», n.º 12, 31 de julho, cols.1-3, p.1.
CASTILHO, Ana Augusta (1914) – Direitos Jurídicos da Mulher. «A Madrugada», n.º 35, 31 de agosto, col.2-3, p.1; col.3, p.1.
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Ana de Castro Osório; Carolina Beatriz Ângelo; Elzira Dantas Machado; Isabel Maria Correia; Antónia Bermudes; Maria Benedita Mouzinho de Albuquerque Pinho; Alice Moderno
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações —
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12 bibliografia
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
 
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Ana Augusta de Castilho. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 138-141.
 
Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
CASTILHO, Ana Augusta de (1912) – Sufrágio Feminino. «A Madrugada», n.º 12, 31 de julho, cols.1-3, p.1.
CASTILHO, Ana Augusta de (1913) – Verdades. «A Madrugada», n.º 19, 28 de fevereiro, p.2, col.3; col.1, p.3.
CASTILHO, Ana Augusta de. (1914) – Direitos Jurídicos da Mulher. «A Madrugada», n.º 35, 31 de agosto, col.2-3, p.1; col.3, p.1.
CASTILHO, Ana Augusta de (1915) – A Questão Actual: As mulheres e a guerra. «A Semeadora», n.º 1, 15 de julho, col. 1, p.2.
 
Notícias, artigos sobre o seu falecimento:
A Semeadora, n.º 18, parcialmente dedicado ao seu falecimento;
A Folha, n.º 670, de Ponta Delgada, dirigido por Alice Moderno;
Redencion, de Valência, artigo redigido por Ana Carbia Bernal.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (1998) – As Origens do Sufragismo Português. A primeira organização sufragista portuguesa: A Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Editora Bizâncio.
ESTEVES, João (2003) – Ana Augusta de Castilho. In NÓVOA, António, dir. – Dicionário de Educadores Portugueses. Vila Nova de Gaia: Edições Asa, p.310-311.
ESTEVES, João (2005) – Ana Augusta de Castilho. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir.– Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 88-90.
ESTEVES, João (2008) – Mulheres e Republicanismo (1908-1928) [Col. Fio de Ariana]. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
 
Ana Augusta de Castilho uma açoriana esquecida na sua terra. Pois alevá…Diário de um Professor”. 16 de fevereiro de 2016. Disponível em: http://poisaleva.blogspot.com/2016/02/ana-augusta-de-castilho-uma-acoriana.html

Ana de Castro Osório

1872 - 1935

Ana de Castro Osório (18/06/1872, Mangualde; 23/03/1935, Lisboa) Escritora, editora, pedagoga, conferencista, Ana de Castro Osório é considerada a precursora da literatura infantil e a mais eminente teórica do feminismo do seu tempo em Portugal. Nascida em Mangualde, mudou-se jovem para Setúbal, lugar onde funda uma editora, marco inicial de um percurso ímpar no campo intelectual, cívico e político, reconhecido pela sociedade coeva, também no estrangeiro, principalmente no Brasil. Figura capital do movimento feminista (humanista, segundo ela) foi-lhe atribuído o primeiro livro português declaradamente feminista[11] (Às Mulheres Portuguesas, 1905). Entre 1907 e 1917, fundou e liderou várias agremiações feministas, com reflexo na melhoria dos direitos das mulheres portuguesas. Filha de Mariana Moor Quintins Osório de Castro e de João Baptista de Castro, em 1893 passa a residir em Setúbal, comarca onde o pai é colocado como juiz. Nesta cidade funda a Casa Editora “Para as Crianças”, contrai matrimónio, a 10 de março de 1898 na Igreja de Nª Sr.ª da Anunciada, com Paulino de Oliveira (natural de Setúbal, poeta, 1864-1914), e nascem os seus filhos (João de Castro Osório e Oliveira, 1899-1970; José Osório de Castro e Oliveira, 1900-1964). A historiografia local situa-a em duas residências em Setúbal: Praça do Bocage, n.º 114-116 (morada de solteira, que coincide com a da Editora)[12]; Praça Marquês de Pombal, n.º 3 (morada de casada). Em 1907 é iniciada na maçonaria, na Loja Humanidade e adota o nome simbólico de Leonor da Fonseca Pimentel. Foi acionista da Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher e secretária da sua comissão dirigente (Esteves, 1998, p. 185). Após a morte prematura do marido, no Brasil, muda-se para Lisboa, para a casa dos pais (Rua do Arco do Limoeiro, 17)[13]. Foi nomeada, em 1916, inspetora dos Trabalhos Técnicos Femininos (Ministério do Trabalho). A partir de 1922 dedica-se exclusivamente à escrita distanciando-se da militância. Faleceu na sua casa de Lisboa, na Rua Augusto Rosa, 17, 2º andar[14]. Foi sepultada, em campa familiar, no cemitério do Alto de São João[15]. A par da sua ousadia, pioneirismo e contradições, a ampla e diversa atividade tornam-na num interessante objeto de estudo para várias disciplinas científicas. Com efeito, após o caminho desbravado pelo historiador João Esteves, assim como por Fátima Medeiros que aprofundou a sua faceta de escritora para a infância, pesquisas recentes e em curso vão definindo melhor um perfil não totalmente revelado se considerarmos que falta conhecer textos não publicados além de muita da prolixa correspondência com os vultos notáveis da sua época.

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Ana de Castro Osório/ Anna Osório de Castro/ (Ann Moore: pseudónimo)
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Mangualde, 18 de junho de 1872 / Lisboa, 23 de março de 1935
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Escritora, Editora, Periodista, Pedagoga, Conferencista
 
4 – Relação com organizações feministas
Grupo Português de Estudos Feministas (que funda e dirige, 1907);
Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (que funda, em 1908, preside vários anos, e se demite, em 1911);
Associação de Propaganda Feminista (integrou grupo fundador, em 1911);
Comissão Feminina `Pela Pátria` (que cria, em 1914);
Maçon Loja Maçónica Feminina “Carolina Ângelo” (que funda, em 1915);
Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher (acionista)
Cruzada das Mulheres Portuguesas (integrou grupo fundador, em 1917);
Liga Internacional de Mujeres Ibéricas e Hispanoamericanas[1].
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar
Eleita para integrar o grupo que deveria representar as feministas portuguesas no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (15 a 20 de junho, 1913).
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)
(1905) Às Mulheres Portuguesas. Lisboa: Livraria Viúva Tavares[2].
(1908) A educação cívica da Mulher. Lisboa: Grupo Português de Estudos Feministas.
(1912) Deveres Feministas[3]. «A Mulher Portuguesa» (3 de agosto); «A Madrugada» (15 de outubro);
(1924) A Grande Aliança (a minha propaganda no Brasil). Lisboa: Edições Lusitania. 
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Adelaide Cabete; Beatriz Pinheiro[4]; Bertha Lutz (Brasil)[5]; Carmen de Burgos y Seguí; Carolina Beatriz Ângelo; Georgina Flétcher[6] Jeanne Oddo-Deflou (França)[7]; Marguerite de Witt Schlumberger[8]; Maria Veleda; Virgínia Quaresma
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
O seu nome surge na toponímia de[9]: Amadora; Cascais; Entroncamento; Lagos; Lisboa (Carnide); Mangualde; Moita; Montijo; Odivelas; Oeiras; Seixal (Amora, Corroios e Seixal); Sesimbra (Quinta do Conde e Sesimbra); Setúbal (Azeitão e Setúbal); Sintra (Queluz e Rio de Mouro); Tavira. O seu nome está associado a: Escola, em Mangualde; Concurso literário, em Mangualde; à Biblioteca Especializada Ana de Castro Osório, em Belém. Foram-lhe atribuídas duas condecorações, em 1919, a Ordem de Santiago, mas recusa condecoração; em 1931, a Ordem de Mérito Agrícola e Industrial. Foi erigido busto na Liga dos Combatentes da Grande Guerra. Foi emitido selo a 5 de outubro de 2009 na serie “Mulheres da República”.
 
9 – Espólios
Biblioteca Nacional. Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, Família Osório de Castro (1884-1958), BNP Esp. N12[10]
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
 
(…)
 
11/12 bibliografia
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais
– Ana de Castro Osório, em cenário natural, com cão: https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Ana_de_Castro_Osório
– Ana de Castro Osório, foto de perfil (ver abaixo): https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Ana_de_Castro_Osório
­– Ana de Castro Osório (1916): Furtado & Reis, Rua de Santa Justa 107 (Museu Bordalo Pinheiro)
– Ana de Castro Osório (na Biblioteca pessoal): https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Ana_de_Castro_Osório
– Fotografias de Ana de Castro Osório e imagens de capas dos seus livros: https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Ana_de_Castro_Osório
–  Imagens de correspondência de Ana de Castro Osório: http://casacomum.org/cc/pesqArquivo.php?termo=ana+castro+osório
– RTP: “Ana de Castro Osório, militante do feminismo e da literatura infantil” (para apresentar o livro de Carla Almeida publicado pela INCM): https://ensina.rtp.pt/artigo/ana-de-castro-osorio-militante-do-feminismo-e-da-literatura-infantil/
– CML: para assinalar a inauguração, em 2013, da Biblioteca especializada em Belém. Identifica uma descendente de Ana de Castro Osório que oferece foto da feminista à Biblioteca: https://www.youtube.com/watch?v=OsPC4nJmEf0
– O catálogo online da Torre do Tombo tem 7 documentos fotográficos de Ana de Castro Osório[17].
 
13a) – Foto de Perfil
 
NOTAS:
[1]  “Talvez por influência da jornalista e escritora espanhola Carmen de Burgos y Segui (1867-1932), Ana de Castro Osório e Elzira Dantas Machado (1865-1942) terão pertencido à Liga Internacional de Mujeres Ibéricas e Hispanoamericanas, fundada em 1922, pela mexicana Elena Arizmendi com o objetivo de `reunir la fuerza dispersa de figuras y organizaciones feministas de todos los países ibero-americanos` e cuja sede oficial era em Madrid, havendo comités em Portugal e na América Latina: persiste um único documento dessa Liga, sem data, enviado às duas senhoras por Georgina Fletcher, sua representante na Colómbia.” (Esteves, 2014, p. 55-56).
[2] “Considerado por Regina Tavares da Silva `o manifesto do movimento feminista português`” (Esteves, 2014, p. 45).
[3] Aborda “os aspectos essenciais defendidos pela corrente feminista em Portugal” (Silva, 2002, p. 73).
[4] Cf. BN, ACPC, Coleção de Castro Osório, Espólio N12/97, 7 cartas de Beatriz Pinheiro a Ana de Castro Osório, entre 1899 e 1922.
[5] Correspondência com Bertha Lutz: https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/navegacoes/article/view/32139
[6] Representante da Liga Internacional de Mujeres Ibéricas e Hispanooamericanas na Colômbia, (Esteves, 2014, p. 55).
[7] Dirigente do Groupe Français d`Ètudes Féministes, correspondentes em 1907 (Esteves, 2014, p. 47 e 55).
[8] Dirigente da Union Française Pour Le Suffrage des Femmes, correspondentes em 1917 (Esteves, 2014, p. 55).
[10] Em consulta à BN apurámos ainda: o Espólio não se encontra disponível on line, mas está disponível para consulta na sala de leitura de Reservados, onde é possível aceder ao respetivo inventário (em atualização após a última incorporação). Cf. https://acpc.bnportugal.gov.pt/colecoes_autores/n12_osorio_castro_familia.html
[11] Regina Tavares da Silva (2002, p. 22).
[12] Neste sentido também Esteves, 2014, p.32.
[13] Esteves, 2014, p.36.
[14] Esteves, 2014, p.36.
[15] Esteves, 2014, p.63.
[17] Resultados da consulta efetuada na Torre do Tombo: descrição e referências de 6 dos 7 documentos fotográficos existentes:
Ana de Castro Osório no seu gabinete de trabalho (https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1207832);
Um aspeto da residência de Ana de Castro Osório (https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1207833);
Quarto de Ana de Castro Osório (https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1207834);
Biblioteca de Ana de Castro Osório (https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1207835);
Inauguração do busto de dona Ana de Castro Osório, na Liga dos Combatentes da Grande Guerra (https://digitarq.arquivos.pt/details?id=1011713).
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / outubro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Ana de Castro Osório. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 103-109.
 
Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
OSÓRIO, Anna de Castro (1905) – Ás mulheres portuguesas. Lisboa: Editora Viúva Tavares Cardoso. Disponível em <https://purl.pt/13902/1/index.html#/14/html> [Consulta realizada em 16/07/2021]
OSÓRIO, Ana de Castro (1908) – A Educação Cívica da Mulher. Lisboa: Grupo Português de Estudos Feministas. Typographia Liberty.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ABENSOUR, Léon (1921) – Histoire Génerale du Féminisme. Paris: Librairie Delagrave.
ALMEIDA, Carla & MONTEIRO, Marta (ilust.) (2015) – Ana de Castro Osório. A mulher que votou na literatura. Lisboa: Pato Lógico Edições /INCM. Coleção Grandes Vidas Portuguesas.
COVA, Anne (2011) – Ana de Castro Osório. WAYNE, Tiffany, ed. (2011) – Feminist Writings From Ancient Times to the Modern World. A Global Sourcebook and History, vol, 2. Santa Barbara: Greenwood, p. 372-374. Disponível em https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/20059/1/ICS_ACova_AnaCastroOsorio_CLI.pdf [Consulta realizada em 24/09/2021]
ESTEVES, João (1997) – A Colecc?a?o Castro Oso?rio – Ana de Castro Oso?rio (1872-1935). In BETTENCOURT, Francisco, dir. – Leituras: Revista da Biblioteca Nacional, nº1.
ESTEVES, João (1998) – As Origens do Sufragismo Português. A primeira organização sufragista portuguesa: A Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Editora Bizâncio.
ESTEVES, João (2005) – Ana de Castro Osório. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 91-98.
ESTEVES, João (2014) – Ana de Castro Osório (1872-1935) [Col. Fio de Ariana]. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
EZAMA, Ángeles (2013) – Ana de Castro Osório, uma mujer que trespasó fronteras: sobre unos textos olvidados em la española Revista de la raza. «Revista de Escritoras Ibéricas», 1-101.[16]
MOACHO, Dulce Maria Batista (2003) – Ana de Castro Osório e as origens do feminismo em Portugal. Lisboa: ISCTE. Dissertação de mestrado.
MEDEIROS, Fátima (1997) – Do fruto à raiz. Uma introdução às histórias maravilhosas da tradição popular portuguesa recolhidas e recontadas por Ana de Castro Osório. Lisboa: Universidade Nova de Lisboa. Dissertação de mestrado.  Disponível em <http://hdl.handle.net/10362/30467> [Consulta realizada em 10/09/2021].
NÓVOA, António (2003) – Dicionário de Educadores Portugueses. Vila Nova de Gaia: Edições Asa.
PESSANHA, Camilo (1983) – Cartas a Alberto Osório de Castro, João Baptista de Castro, Ana de Castro Osório (6ª ed.). Lisboa: Ática
SAMARA, Maria Alice (2007) – Ana de Castro Oso?rio: doutrina e organizac?a?o In SAMARA, Maria Alice – Operárias e burguesas: as mulheres no tempo da República. Lisboa: A Esfera dos Livros p.113-131.
SILVA, Regina Tavares (1982) – Feminismo em Portugal na Voz de Mulheres Escritoras do Início do Séc. XX. Lisboa: Comissão da Condição Feminina, 3.ª edição, 2002.

Beatriz Pinheiro

1871 - 1922

Beatriz Pinheiro (Viseu, 29 de outubro de 1871/ Lisboa, 14 de outubro de 1922) Autora, professora, editora, Beatriz Pinheiro, licenciada em Ciências e Letras, foi uma das mais relevantes republicanas feministas portuguesas do início do século XX[5] (Esteves, 2005). Com presença assídua em vários periódicos[6] assinou textos sobre a situação das mulheres portuguesas para as quais aspirava condições de educação e trabalho em equivalência com os homens, como garante de autonomia financeira, valorização pessoal e contributo social. Fundou e dirigiu, juntamente com o marido, a revista literária Ave Azul (1899-1900), considerada a primeira revista feminista publicada em Portugal[7]. Filha de Francisco Pinheiro e de Antónia Paes de Figueiredo, nascida em Viseu, na rua da Senhora da Piedade, teve acesso a educação formal em regime de coeducação, modelo que enaltece nos seus textos. O gosto pela escrita manifesta-se cedo, ainda estudante liceal, tendo colaborado na revista académica Mocidade, fundada pelo futuro marido Carlos de Lemos. Terá começado a lecionar por volta de 1900. É uma figura com destaque na cena cultural e nas causas sociais da sua cidade natal. Participou em récitas no Grémio de Viseu enquanto atriz amadora e tocava harpa. Esteve entre as fundadoras da União das Senhoras Liberais de Viseu e da Escola Liberal de João de Deus, destinada a apoiar a educação de raparigas pobres, instituição inaugurada a 10 de novembro de 1901 em sessão que presidiu e onde discursou[8]. A partir de Viseu pertenceu a várias associações de âmbito nacional, como a Liga Portuguesa da Paz, sendo a correspondente e delegada da Liga no distrito de Viseu, o Grupo Português de Estudos Feministas e a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, tendo ponderado constituir um núcleo local desta organização. O conservadorismo católico presente na cidade natal e ambiente político vigente leva o casal a mudar-se para Lisboa onde se encontra no momento da instauração da República. Em 1911, Beatriz Pinheiro é professora provisória no Liceu Feminino Maria Pia onde leciona Francês, Geografia e História. Na capital, a sua notoriedade acentua-se. Aderiu à Associação de Propaganda Feminista, ao Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, é iniciada na maçonaria.  A 8 de junho de 1916, profere no Liceu Maria Pia a conferência “A Mulher Portuguesa e a Guerra Europeia”. A sua obra, quer os escritos de teor feminista, quer a ficção literária, apresenta por denominador comum a denúncia dos problemas das mulheres do seu tempo: a falta de instrução, a dependência de dote e do casamento, a pobreza, a gravidez indesejada, a situação das mães solteiras, a prostituição feminina, a situação das esposas-viúvas de marido vivo devido ao êxodo para o Brasil. Denuncia e propõe soluções pragmáticas baseadas na igualdade de oportunidades e de direitos civis que preconizam uma sociedade mais justa e um futuro mais risonho de acordo com o seu temperamento intransigentemente otimista[9]. Esta ousadia valeu-lhe aplausos a par de duras críticas com eco na imprensa da época (Silveira, 2017). Faleceu em Lisboa, na Rua do Barão, n.º 17, 3.º andar (Sé), sendo sepultada no Cemitério do Alto de São João.

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Beatriz Pinheiro/ Beatriz Paes Pinheiro de Lemos
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Viseu, 29 de outubro de 1871/ Lisboa, 14 de outubro de 1922
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Escritora, Professora, Editora
 
4 – Relação com organizações feministas
Liga Portuguesa da Paz (1899-1917), correspondente local em Viseu;
Grupo Português de Estudos Feministas (Lisboa, 1907-1908), membro;
Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (1908-1919), membro (em carta dirigida a Ana de Castro Osório, datada de 11 de maio de 1909, considerou a hipótese de constituir um núcleo local, em Viseu);
(1911-1918)[1];
Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas (1914-1947).
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar
Eleita para integrar o grupo que deveria representar as feministas portuguesas no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (15 a 20 de junho, 1913).
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)
Crónica, «Ave Azul» (1.ª série, fascículo 11), novembro de 1899, p. 497-506[2].
A Emancipação da Mulher (A Mulher e o trabalho: a instrução da mulher: comunidade dos sexos nas escolas (excerto de um discurso do Prof. sr. F. Italo Giuffré).
«Ave Azul» (2.ª série, fascículo 4), abril de 1900, p.197-222.
A Mulher Portuguesa e a Guerra Europeia – conferência proferida a 8 de junho de 1916 no Liceu Maria Pia, em Lisboa, editada pela Associação de Propaganda Feminista.
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Ana de Castro Osório[3]
Alice Pestana
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
A 26 de abril de 1923, pouco depois do falecimento de Beatriz Pinheiro, foi proposto em sessão ordinária da Câmara Municipal de Viseu que o seu nome fosse inscrito no espaço público, pedido renovado em 2020 que continua por concretizar[4].
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12 bibliografia
 
11 – Fontes bibliográficas primárias
Crónica, «Ave Azul» (1.ª série, fascículo 8), junho de 1899, p. 321-327.
A Espera, «Ave Azul» (1.ª série, fascículo 3), março de 1899, p. 109-112.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (2005) – Beatriz Paes Pinheiro de Lemos. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p.166-167.
NÓVOA, António (2003) – Dicionário de Educadores Portugueses. Vila Nova de Gaia: Edições Asa.
SILVEIRA, Anabela Ferreira (2017) – O protagonismo de Beatriz Pinheiro na Revista Viseense Ave Azul (1899-1900). «Historiae», Rio Grande, 8 (2), p. 77-95.
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
– Ave Azul (1899-1900). Hemeroteca digital. Lisboa http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AveAzul/AveAzul.htm
– Suplemento do Jornal O Século (12/05/1910). Liga Republicana das Mulheres Portuguesas: 7- Beatriz Paes Pinheiro Lemos: https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Veleda
– Sociedade Futura, n.º 13, 15/11/1902- foto de Beatriz Pinheiro: http://ric.slhi.pt
Fotos e texto: ESTEVES, João, Beatriz da Conceição Paes Pinheiro de Lemos. Disponível em: http://silenciosememorias.blogspot.com/search?q=beatriz+pinheiro
Fotos e texto: SOUSA, Martim de Gouveia. Beatriz Pinheiro e o direito das mulheres. Disponível em: http://aveazul.blogspot.com
 
13a) – Foto de Perfil
 
NOTAS:
[1] Beatriz Pinheiro não inclui a lista com 63 nomes de sócias da APF apresentada por Esteves, 2008, p. 185-194; no entanto, a investigadora Anabela Silveira (2017) estabelece a relação da feminista com esta associação.
[3] Cf. BN, ACPC, Coleção de Castro Osório, Espólio N12/97, 7 cartas de Beatriz Pinheiro a Ana de Castro Osório, entre 1899 e 1922. 
[5] Esteves, 2005, p. 167.
[6] Ave Azul (1899-1900); A Beira, Nova Aurora (1900-1901); Almanaque das Senhoras (1901, 1916, 1924); A Crónica (1900-1906); Alma Feminina (1907-1908); O Garcia de Resende (1908-1909); O Mundo (1909); A Madrugada (1913); A Semeadora (1915).
[7] Silveira, 2017.
[8] Esta intervenção foi noticiada pelo O Distrito de Viseu, a 12 de novembro de 1901.
[9] Crónica, «Ave Azul» (1.ª serie, fascículo 8), junho de 1899, p. 326.
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / outubro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) –  Beatriz Pinheiro. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 110-114.
 
Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
Crónica, «Ave Azul» (1.ª série, fascículo 8), junho de 1899, p. 321-327.
A Espera, «Ave Azul» (1.ª série, fascículo 3), março de 1899, p. 109-112.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (2005) – Beatriz Paes Pinheiro de Lemos. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p.166-167.
NÓVOA, António (2003) – Dicionário de Educadores Portugueses. Vila Nova de Gaia: Edições Asa.
SILVEIRA, Anabela Ferreira (2017) – O protagonismo de Beatriz Pinheiro na Revista Viseense Ave Azul (1899-1900). «Historiae», Rio Grande, 8 (2), p. 77-95.

Carolina Beatriz Ângelo

1878 - 1911

Carolina Beatriz Ângelo (16/04/1878, São Vicente/Guarda; 03/10/1911, Lisboa) Médica, militante feminista,  Carolina Beatriz Ângelo inscreveu o seu nome na história ao tornar-se a primeira mulher portuguesa a realizar uma cirurgia e por ser a primeira a votar, em Portugal e em qualquer país da Europa do Sul. Foi figura presente no panorama do primeiro movimento feminista português ganhando maior destaque quando abandona a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, onde era vice-presidente, em 1911, para fundar, em maio do mesmo ano, com a amiga Ana de Castro Osório a Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Assumiu a presidência desta agremiação, cuja reunião inaugural decorreu no seu consultório (12/05/1911), período em que acontece o seu voto histórico nas eleições para a Assembleia Nacional (28/05/1911) que a tornaram um símbolo das sufragistas, também a nível internacional. A sua morte prematura, poucos meses depois, em outubro, mereceu destaque no semanário, Votes for Women, órgão das sufragistas inglesas. Filha de Viriato António Ângelo e de Emília Barreto Ângelo, nasceu na Guarda. Frequentou o Liceu na terra natal, matriculou-se na Escola Politécnica e Médica de Lisboa, licenciou-se no mesmo ano do seu casamento com o também médico e ativista republicano Januário Barreto, em 1902, tendo sido pioneira no exercício de operações cirúrgicas. Residiu em Lisboa na Rua do Sol ao Rato, 181, na Rua António Pedro/S. Jorge de Arroios (onde veio a falecer) e teve consultório na Rua Nova do Almada, 64. Foi iniciada na maçonaria, em 1907. Colaborou, com Adelaide Cabete, na confeção da bandeira desfraldada a 5 de outubro de 1910. Com a implantação da República, a lei eleitoral da República não incluía, mas também não excluía, o sufrágio feminino já que a capacidade de voto era reconhecida a quem soubesse ler e escrever e fosse chefe de família. Carolina Beatriz Ângelo, sendo viúva e com uma filha a cargo preenchia todos os requisitos enunciados na lei pelo que requereu a sua inscrição nos cadernos eleitorais, que lhe foi recusada, dando início a uma dura batalha judicial que exigiu muita persistência, e alguma sorte, mas culminou com o seu voto na Assembleia Eleitoral de Arroios, a funcionar no Clube Estefânia[3]. Durante este processo foi alvo de várias entrevistas e crónicas. Neste período propôs o alargamento do serviço militar às mulheres já que defendia que elas transportariam para a tropa a experiência que possuíam na governação da casa, propondo que lhes fosse atribuída a administração militar e os serviços de ambulância, enfermagem e cozinha. Não foi uma teórica do feminismo e não chegou a concretizar o desejo manifestado nos últimos meses de vida de escrever artigos de propaganda nos jornais. Faleceu com 33 anos vítima de sincope cardíaca, após se ter sentido mal durante a viagem de elétrico no regresso de uma reunião da APF, deixando órfã Maria Emília Ângelo Barreto, com 8 anos de idade. Presentemente, encontra-se sepultada em jazigo no Cemitério dos Prazeres[4]. Em 2021, realizou-se um Ciclo Internacional de Conferências, organizado por Mulheres sem Fronteiras, “Movimentos de Mulheres nos séculos XX e XXI– 110.º aniversário do Voto de Carolina Beatriz Ângelo”, evento que foi participado por descendentes da primeira eleitora portuguesa.

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Carolina Beatriz Ângelo/ Carolina Beatriz Ângelo
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Guarda, 16 de abril de 1878[1] / Lisboa, 3 de outubro de 1911
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Médica, militante e dirigente feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Liga Portuguesa da Paz (secção portuguesa da associação internacional La Paix et le Désarmement par les Femmes) (vogal, demitiu-se em julho de 1909)
Grupo Português de Estudos Feministas (1907-1908) (militante);
Liga Republicana das Mulheres Portuguesas (integrou grupo fundador, eleita vice-presidente da direção em setembro de 1910, demite-se, em 1911);
Associação de Propaganda Feminista (integrou grupo fundador, primeira Presidente).
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar —
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)
Feminismo Reclamante – As mulheres e o serviço militar obrigatório. Vai tratar o assunto, em uma conferência, a srª D. Carolina Ângelo. «A Capital», 25/05/1911, cols. 5-6, p.1.
No Limiar da Urna– As mulheres querem entrar! – “Se a lei não nos abre a porta, também não nos põe na rua” – Assim o entende uma denodada sufragista portuguesa. R.J., «A Capital», 25/03/1911, cols. 6-7, p. 1 e col.1, p. 2.
Uma eleitor? – A srª D. Beatriz Ângelo quer votar – A República entrevista-a. «República», 05/04/1911, col.1, p. 2.
Reivindicações Feministas– A lei eleitoral não exclui as mulheres– Afirma-o a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, pela. voz de uma das suas mais ilustres representantes”. «O Século», 05/04/1911, col.7, p.1, e cols 1-2, p.2.
Uma palestra– Juridicamente, as mulheres têm direito a ir à urna, diz a srª D. Carolina Ângelo, apud Esteves, 1998, p. 216-217.
Em quem vota a primeira eleitora? Nos drs. Afonso Costa, Teófilo Braga, Bernardino Machado e Magalhães Lima – Outras declarações curiosas nos faz a srª D. Carolina Beatriz Ângelo. «O Tempo», 03/05/1911, p.1, cols.4-6.
O Triunfo Do Feminismo– O Voto da Mulher em Portugal– Um jornal holandês publica uma interessante entrevista com a srª D. Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher que votou em Portugal. «A Vanguarda», 18/07/1911, p.1, cols.6-7.
28 de Maio de 1911– Uma Data Histórica – D. Carolina Beatriz Ângelo, «A Vanguarda», 29/05/1911, p.1, col.2.
Jorge de Arroios– Vota, entre aplausos, a srª D. Beatriz Ângelo”. «O Tempo», 29/05/1911, col.3, p. 2.
Eleições Em Lisboa – O incidente da assembleia de Arroios. «A Capital», 29/05/1911, col.4, p. 2.
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Ana de Castro Osório[2]; Adelaide Cabete; Sofia Quintino
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
Rua Carolina Beatriz Ângelo, Quinta do Conde /Sesimbra
Rua Carolina Beatriz Ângelo, Charneca da Caparica /Almada
Praceta Carolina Beatriz Ângelo, Famões / Odivelas
Rua Beatriz Ângelo / Póvoa de Santo Adrião
Rua Carolina Beatriz Ângelo, Caselas /Belém
Hospital Beatriz Ângelo, Loures
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12
 
 
NOTAS:
[1] Ano de Nascimento diverge consoante a fonte: 1877 em Esteves, 2005, 1878, em Silva, 2013. Optou-se pela informação contida na publicação mais recente.         
[2] Cartas para Ana de Castro Osório a 02/07/1911, 13/08/1911, 11/10/1911, em espólio na BN, ACPC, Coleção Castro Osório, Esp. N12/419 (reproduzidas apud Esteves, 1998, p. 238-244).
[3] Principais datas deste processo: 04/04/1911: CBA apresenta requerimento para ser incluída nos cadernos eleitorais; 28/04/1911: o juiz da 1.ª Vara Cível de Lisboa, João Baptista de Castro (pai de Ana de Castro Osório), pronuncia-se favoravelmente a favor do requerimento, indicando a inclusão de CBA nos cadernos eleitorais; 28/05/1911: durante as eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, CBA torna-se a primeira mulher a votar em Portugal.
[4] Em romagem realizada ao Cemitério dos Prazeres (03/10/2021), organizada por Mulheres Sem Fronteiras, registei que Carolina Beatriz Ângelo, sepultada primeiramente noutro cemitério, se encontra no jazigo n.º6906, na rua 5b em jazigo assim identificado “À memória de Afonso Luciano Barreto da Gama e Padre António Barreto”.
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / outubro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Carolina Beatriz Ângelo. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 115-120.

Bibliografia 
11 – Fontes bibliográficas primárias
Cf. ponto 6 (entrevistas)
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
BARROSO, Maria do Sameiro (2016) – Carolina Beatriz Ângelo: A Prática da Medicina e a Luta pelos Direitos das Mulheres. Conferência proferida na Ordem dos Médicos de Lisboa, a 12 de março de 2016. Disponível em: https://ordemdosmedicos.pt/wp-content/uploads/2017/09/CAROLINA_BEATRIZ_ÂNGELO_trabalho_completo.pdf
ESTEVES, João (1998) – As Origens do Sufragismo Português. A primeira organização sufragista portuguesa: A Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Bizâncio.
ESTEVES, João (2005) – Carolina Beatriz Ângelo. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 202-204.
OLIVEIRA, Américo Lopes de (1981) – Dicionário de Mulheres Célebres. Porto: Lello & Irmão.
SILVA, Regina Tavares (2013) – Carolina Beatriz Ângelo.  (1878-1911) [Col. Fio de Ariana]. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
Diário de Notícias: “Falecimentos – D. Carolina Beatriz Ângelo”, 04/10/1911, p.2, col.7; “Funerais – D. Carolina Beatriz Ângelo”, 05/10/1911, p.5, cols. 4-5; “Necrologia”, 25/03/1935, p.5, col. 5; 26/03/1935, p.4, col.4.
Doutora Carolina Beatriz Ângelo – A inauguração do seu retrato. «A Madrugada», n.º4, 30/11/1911, col.1, p.2.
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
– “As mulheres e o serviço militar obrigatório” (Desenho humorístico), A Capital, 27/05/1911, p.2, col.1
– Carolina Beatriz Ângelo acompanhada de Ana de Castro Osório, no dia das eleições, Ilustração Portuguesa, 05/06/1911, p. 714
– Ana de Castro Osório e Carolina Beatriz Ângelo: https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Ana_de_Castro_Osório
– Selos e Marcas Postais “Mulheres da Republica” – emissão CTT de 05 de outubro de 2009
– “Beatriz Ângelo –À porta da história”: https://www.rtp.pt/programa/tv/p32272/e6
– “Beatriz Ângelo, a primeira mulher a votar em Portugal”: https://ensina.rtp.pt/artigo/beatriz-angelo-a-primeira-mulher-a-votar-em-portugal/
– “Carolina Beatriz Ângelo – Quem Foi a Mulher Que Dá Nome ao Hospital de Loures ?: https://tvi24.iol.pt/videos/sociedade/carolina-beatriz-angelo-quem-foi-a-mulher-que-da-nome-ao-hospital-de-loures/604658480cf277cf82b9f701
 

Cesina Bermudes

1908 - 2001

A médica Cesina Bermudes, a primeira mulher doutorada em medicina, foi precursora na introdução das técnicas do parto psico-profilático (parto sem dor), em Portugal, e destacou-se na oposição ao Estado Novo, tendo sido presa. Foi ainda uma atleta de exceção, campeã de natação, praticante de hipismo e participante em corridas de automóveis e bicicletas – em 12 de outubro de 1924 ganhou a primeira edição da Volta a Lisboa em bicicleta na categoria Senhoras[1]–. Filha de Félix Redondo Adães Bermudes, escritor e dramaturgo, e de Cândida Bermudes, é oriunda de uma família da burguesia lisboeta. Fez a instrução primária em casa e estudou no Liceu Camões. Desde 1927, influenciada pelo pai, pertenceu à Sociedade Teosófica (aqui desempenhou as funções de secretária-geral), acreditava na reencarnação e adotou a alimentação vegetariana. O seu desejo de ser médica manifestou-se aos 11 anos, por influência familiar. O tio materno Lacerda de Melo (que inspirou a personagem João Semana de As Pupilas do Senhor Reitor, de Júlio Diniz), contou-lhe sobre a sua vida de médico de aldeia e sobre o seu trabalho junto de pessoas pobres a quem não cobrava as consultas[2]. Quando acabou o 7.º ano, em 1926, ingressou na Faculdade de Medicina de Lisboa. Concluído o curso, em 1933[3] (com 24 anos), fez o internato geral e de cirurgia e depois a especialidade em obstetrícia, na maternidade Alfredo da Costa. Posicionando-se politicamente contra o regime de Salazar, em 1945, subscreveu a constituição de uma Comissão de Mulheres, criada no seio do MUD - Movimento Unitário Democrático, cujo programa se apresentava no manifesto “As mulheres e o movimento de oposição”. Em 1947, conclui o doutoramento em medicina (com 19 valores) tendo sido a primeira mulher a fazê-lo. A sua atividade política impediu-a de tomar posse como Professora efetiva, como seria previsível “o que a verificar-se a teria colocado na situação de primeira mulher Professora da Faculdade de Medicina” (1). A atividade docente foi realizada com a disciplina de Puericultura em várias escolas industriais. Foi membro da Sociedade Anatómica de Portugal e da Sociedade Anatómica Luso-Espano-Americana. Em 1948-1949 envolveu-se na campanha presidencial do general Norton de Matos, sendo uma das dirigentes da Comissão Eleitoral Feminina da secção de Lisboa, tendo discursado em várias ocasiões. A campanha realizada pelas mulheres apresenta “uma agenda reivindicativa feminista” (2) que é sintetizada no “Discurso pronunciado pela Dra. Cesina Bermudes, em Santarém”(3). Inclui a abolição do regulamento da prostituição; salário igual para trabalho igual; equiparação jurídica dos dois sexos; assistência social para as mulheres independentemente do estado civil; sufrágio universal. Num discurso proferido em Évora faz um diagnóstico “das carências das mulheres portuguesas pobres, nos campos da assistência médica em geral e da assistência às grávidas, às parturientes e às mães com filhos recém-nascidos, concluindo pela falência da política do Estado Novo”(4), que acusa de confundir caridade com assistência. Por outro lado, define as mulheres que apoiam o regime e atacam a sua proposta de alargamento da saúde materna a todas as mães, sem exclusão das solteiras, como “moralistas sem coração e sem miolos” (5). Entre 14 de outubro de 1949 e 14 de janeiro de 1950 esteve presa no Forte de Caxias (Processo 19.4.48)[4] por integrar a organização formada na sequência dos trabalhos de apoio à candidatura do general, a Comissão Central do Movimento Nacional Democrático Feminino. Em 1950, envolve-se na constituição do Comité Nacional de Defesa da Paz, juntamente com Maria Isabel Aboim Inglez, Maria Lamas e Virgínia Moura. Em 1954, fez um curso em Paris sobre as técnicas do parto sem dor, tendo trabalhado com o Dr. Lamaze, um seguidor dessa prática criada nos anos 1920 na URSS. Cesina Bermudes vai ser a precursora dessa técnica em Portugal. A sua prática obstétrica contribuiu para desmistificar a dor e o parto e para reduzir o medo e ansiedade sobre o nascimento das crianças culturalmente fundados. “Assinou, com Virgínia Moura, o documento comemorativo do 10.º aniversário do MUD (1955) e, em 1957, integrou com as escritoras Maria Lígia Valente da Fonseca Severino e Natália Correia, a Comissão Cívica Eleitoral de Lisboa, para que a oposição pudesse intervir legalmente nas eleições que se avizinhavam (...)” (6). Após o apoio às candidaturas de Arlindo Vicente e do general Humberto Delgado a sua visibilidade política foi atenuada. Deu, no entanto, continuidade à sua ação solidária na assistência médica, tendo ajudado parturientes do Partido Comunista Português, que viviam na ilegalidade. O seu percurso pessoal, profissional e político foi muito apoiado pelo seu pai, por quem tinha grande admiração, considerando-o um feminista, um defensor dos direitos das mulheres, que lutou contra a discriminação e invisibilidade a que estavam votadas. Após o 25 de Abril, o seu mérito, tenacidade e postura humanista foram reconhecidos publicamente, tendo recebido a Medalha da Ordem da Liberdade (19, maio, 1989). “Quando um parto era difícil e longo, ela não deixava o lado da mulher; às vezes, dormia no chão ao lado dela ou em uma cama improvisada. Quando nos medicava, `emprestava-nos` alguns comprimidos para que pudéssemos começar imediatamente. Qualquer coisa que sobrasse era-lhe devolvida para que ela pudesse repassá-la às mais pobres de nós.”(7)

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Cesina Bermudes / Cesina Borges Adães Bermudes
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Lisboa (Anjos), 20 de maio de 1908 / Lisboa, 9 de dezembro de 2001
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Médica, docente, ativista feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Comissão Eleitoral Feminina da secção de Lisboa (uma das dirigentes): apoio à candidatura presidencial do general Norton de Matos (1949)
Comissão Central do Movimento Nacional Democrático Feminino
Comité Nacional de Defesa da Paz (dentro do MND)
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar —
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas) —
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Maria Isabel Aboim Inglez; Maria da Graça Amado da Cunha; Maria Keil; Manuela Porto; Maria Palmira Tito de Morais; Maria Valentina Trigo de Sousa; Elina Guimarães; Maria Lamas; Virgínia Moura; Ermelinda Cortesão; Luísa de Almeida; Maria Lígia Valente da Fonseca Severino; Natália Correia;
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
Figura na toponímia de Lisboa (freguesia de Carnide); a 19 de maio de 1989 recebeu a Medalha de Comendador da Ordem da Liberdade
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
– Carta assinada de Cesina Bermudes em MDM: https://www.mdm.org.pt/cesina-bermudes/
– Foto de jornal com notícia sobre parto sem dor (25/04/1956): https://www.jornaltornado.pt/cesina-bermudes/
– Foto de comício de Lisboa (Voz do Operário), candidatura de Norton de Matos, 1949, Cesina Bermudes, Maria Lamas, Manuel da Palma Carlos: http://www.casacomum.org/cc/visualizador?pasta=04654.000.026
– Foto de comício, candidatura de Norton de Matos, 1949, http://manuel-bernardinomachado.blogspot.com/2017/11/cesina-bermudes-no-dia-do-seu.html
– Carta enviada ao Governador Civil de Lisboa, assinada, entre outras, por Cesina Bermudes “As Mulheres Democratas protestam contra o Tarrafal” (31/03/1947):
 
13a) – Foto de Perfil
Com o vestido usado na sua prova de doutoramento (1947): https://shethoughtit.ilcml.com/biography/cesina-bermudes/
 
NOTAS:
[1] [2] 
[3] As datas de conclusão do curso diferem. Em Maria Teresa Santos (2005) : 1932 ; Em João Esteves (2013) : 1933.
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) –  Cesina Bermudes. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 142-147.
 
Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
BERMUDES, Cesina (1949) – Discurso pronunciado pela Sra Doutora Cesina Bermudes, em E?vora, In Às Mulheres de Portugal. Colectanea dalguns discursos pronunciados para propaganda da Candidatura. (Prefácio do Prof. Azevedo Gomes). Lisboa: edição dos Serviços Centrais da Candidatura do General Norton de Matos.
“Inquérito entre as mulheres portuguesas ao parto sem dor”, entrevista a Dulce Rebelo, Jornal-Magazine da Mulher, n.º 48, marco, 1955.
“Cesina Bermudes, 91 anos a ouvir os primeiros vagidos”, entrevista a António Melo, Público, 6 de junho, 1999.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ABREU, Ilda Soares; SANTOS, Maria Teresa (2001) – Cesina Bermudes, um caso de interesse prático pela condição feminina. «Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher», n.º 5, p.195-200.
ESTEVES, João (2013) – Cesina Borges Adães Bermudes. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Feminæ Dicionário Contemporâneo. Lisboa: Livros Horizonte, p. 179-180.
GORJÃO, Vanda (2002) – Mulheres em Tempos Sombrios. Oposição Feminina ao Estado Novo. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. Coleção Estudos e Investigação.
JANEIRO, Helena Pinto (2010) – A questão feminina na campanha de Norton de Matos. In PAULO, Heloísa; JANEIRO, Helena Pinto, ed. – Norton de Matos e as Eleições Presidenciais de 1949: 60 anos depois. Lisboa: Colibri, p. 35-56.
NATÁRIO, Anabela (2008) – Cesina Bermudes, Portuguesas com História – Século XX. Lisboa: Temas e Debates, p. 98-107.
SANTOS, Maria Teresa (2005) – Cesina Borges Adães Bermudes. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 218.

Elzira Dantas Machado

1865 - 1942

Elzira Dantas Machado, filha de mãe brasileira, Bernardina da Silva, e de pai português, Miguel Dantas Goncalves Pereira, sendo filha única, herdou a grande fortuna que o pai emigrado jovem para o Brasil construiu. Teve uma educação condizente com a sua situação económica privilegiada que incluiu a formação humanista baseada na literatura nacional e línguas estrangeiras, pelo que falava fluentemente inglês e francês. Viajou pela Europa e Brasil, relacionou-se e correspondeu-se com a elite intelectual da sua geração, incluindo as escritoras feministas portuguesas, espanholas e francesas que influenciaram o seu interesse pelas causas das mulheres.  Em 1882 casa com Bernardino Machado, também oriundo de famílias abastadas, professor universitário em Coimbra, futuro presidente da República. O “consórcio com o futuro estadista representava a perspetiva de trilhar duas vias pessoais diferentes, as quais, não sendo por natureza, contraditórias, seriam, no mínimo, difíceis de conciliar: a tradição e a emancipação femininas. (...) Elzira Dantas atualizou o modelo de comportamento social `no feminino`, através da tríplice função de mãe-educadora, gestora do património familiar e colaboradora do marido no ambiente doméstico e social” (Rosa, 2013, p. 246). Desafio acentuado pela excecionalmente numerosa prole (19 filhos e filhas), pela dimensão do património imobiliário que geria[5], e pela instabilidade da carreira académica e política do marido que significou frequentes mudanças de residência no país e no estrangeiro. Entre outras casas “a gestora do lar superintendeu e acondicionou às necessidades da vida quotidiana” (Rosa, 2013, p. 246) a residência oficial do presidente da República no Palácio de Belém, a Cidadela de Cascais e o Castelo de Santa Catarina, na Cruz Quebrada. Promoveu de forma ativa e direta o avanço da condição das mulheres intervindo em várias associações enquanto sócia ou fundadora, percurso onde foi acompanhada por três filhas, Rita, Maria Francisca e Joaquina. A 15 de fevereiro de 1916 é eleita oficialmente presidente da Associação de Propaganda Feminista, mandato que de facto exerceu em 1915, 1916, 1917. Neste âmbito desenvolveu o reforço da instituição através de distintas iniciativas como a promoção da imprensa da associação ou a assinatura de representações aos poderes políticos. Em conjunto com Ana de Castro Osório, assinou, a 10 de agosto de 1915, “o mínimo das reclamações feministas mais urgentes” (Rosa, 2013, p. 248), representação dirigida ao Governo e Parlamento que foi aprovada para publicação no Diário das Câmaras[6], documento que reivindicava o voto restrito para as mulheres instruídas. Durante o triénio do seu mandato na APF constituiu-se o grupo editor Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher, sociedade que assegurava a publicação de A Semeadora, onde, além de acionista, assumiu as funções de presidente da comissão dirigente e administrativa da sociedade. Distinguiu-se com a fundação da Cruzada das Mulheres Portuguesas tendo sido reconhecido politicamente o papel desta instituição e da sua presidente, cargo de que pede demissão após o falecimento da filha Maria, enfermeira na guerra, vítima da pneumónica. No pós-guerra dá-se o declínio político da Primeira República e, em 1927, Elzira acompanha o marido no exílio, vivendo durante 13 anos em Espanha e em França. Em sua casa recebeu e auxiliou emigrados republicanos assim como responsáveis da oposição ao salazarismo. Em maio de 1940 regressa a Portugal, em 21 de abril de 1942 faleceu, no Porto. “Durante o seu percurso pessoal, Elzira Dantas Machado viveu, sem dúvida, momentos de triunfo mundano, mas também experimentou a adversidade: perdeu quatro filhos, enfrentou duas guerras mundiais e sofreu dois exílios que lhe roubaram a alegria de viver no aconchego da pátria e da família. Educada na ética republicana, trocou a comodidade de um estatuto social elevado pela responsabilidade da intervenção pública; ao ócio e à frivolidade preferiu o testemunho das suas convicções; desprezando o protagonismo mediático, contribuiu, de facto, para reduzir a exclusão cívica das mulheres.” (Rosa, 2103, p. 252).

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Elzira Dantas Machado / Elzira Dantas Gonçalves Pereira Machado
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte 
Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1865 / Porto, 21 de abril de 1942
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Ativista feminista, autora de literatura infantil, editora
 
4 – Relação com organizações feministas
Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, sócia fundadora
Associação de Propaganda Feminista (1911-1918), que presidiu.
Caixa de Auxílio aos Estudantes Pobres do Sexo Feminino (1912)
Comissão Feminina `Pela Pátria` (1914)
Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher, acionista e presidente
Cruzada das Mulheres Portuguesas[1] (19/08/1916-1933) (fundadora, presidente executiva até fevereiro de 1923; eleita presidente de honra a 2 de abril de 1923)
Liga Internacional de Mujeres Ibéricas e Hispanoamericanas[2].
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar —
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)
Entrevista ao jornal A Capital (1917) sobre a Cruzada das Mulheres Portuguesas
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas[3]
Ana de Castro Osório; Alice Pestana; Maria Veleda; Adelaide Cabete; Carmen de Burgos; Estefânia Macieira; Palmira Pádua; Ester Norton de Matos; Etelvina Pereira D`Eça (vice-presidente da assembleia-geral da Cruzada);
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações[4]
Foi agraciada, em 1919, com a Grã-cruz da Ordem de Cristo pelo Presidente da República que distinguia a presidente da Cruzada das Mulheres Portuguesas, como “homenagem à dedicação e civismo manifestado no desempenho do cargo e às suas virtudes de senhora”. A associação foi distinguida com a Grã-cruz da Torre da Espada pelos humanitários serviços prestados aos soldados que combateram em Africa e França.
Praceta Elzira Dantas Machado – Vila Nova de Famalicão
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário 
(…)
 
11/ 12
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
 
13a) – Foto de Perfil
 
NOTAS:
[1] Sobre o programa e objetivos da Cruzada cf. entrevista de Elzira Dantas Machado ao jornal A Capital (1917).
[2]  “Talvez por influência da jornalista e escritora espanhola Carmen de Burgos y Segui (1867-1932), Ana de Castro Osório e Elzira Dantas Machado (1865-1942) terão pertencido à Liga Internacional de Mujeres Ibéricas e Hispanoamericanas, fundada em 1922, pela mexicana Elena Arizmendi com o objetivo de `reunir la fuerza dispersa de figuras y organizaciones feministas de todos los países ibero-americanos` e cuja sede oficial era em Madrid, havendo comités em Portugal e na América Latina: persiste um único documento dessa Liga, sem data, enviado às duas senhoras por Georgina Fletcher, sua representante na Colómbia.” (Esteves, 2014, p. 55-56).
[3] Museu Bernardino Machado – Fundo Particular Bernardino Machado: correspondência de Elzira Dantas Machado com escritoras feministas (Rosa, 2013, p. 252).
[4] Museu Bernardino Machado – Fundo Particular Bernardino Machado: Diplomas: Cruzada das Mulheres Portuguesas (Rosa, 2013, p. 252).
[5] Administrou um conjunto de propriedades rurais no Minho, o Palacete e a Quinta de Mantelães, residência original da família do seu pai, a casa de veraneio, em Molêdo, outras casas e quintas situadas em Vila Nova de Famalicão da família Machado, as casas de Torre de Cima, Solar de Rorigo e palacete brasonado no centro da vila (Rosa, 2013, p. 247).
[6] Este documento foi igualmente publicado em A Semeadora, cf. números 4 e 5.
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) –  Elzira Dantas Machado. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 128-133.
 
Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
Entrevista ao jornal A Capital (1917) sobre a Cruzada das Mulheres Portuguesas: https://pesquisa-arquivo.cm-pontedelima.pt/viewer?id=1043015&FileID=426292
Consultar Arquivo CM Ponte de Lima Cruzada das Mulheres Portuguesas: https://pesquisa-arquivo.cm-pontedelima.pt/details?id=1042756
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (1998) – As Origens do Sufragismo Português. A primeira organização sufragista portuguesa: A Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Bizâncio.
ROSA, Elzira Dantas Machado (2013) – Elzira Dantas Gonçalves Pereira Machado. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir.– Feminæ Dicionário Contemporâneo. Lisboa: Livros Horizonte, p. 245-252.

Isabel Aboim Inglez

1902 - 1963

Isabel Aboim Inglês (1902/1963), nasceu em Lisboa na Rua Nova do Loureiro, no Bairro Alto, numa família burguesa. Filha de João Saavedra, espanhol naturalizado português e de Elisa Augusta Hahenman Saavedra. Aos 20 anos casou com Carlos Aboim Inglez, seu colega do liceu Pedro Nunes, “um casamento de grande entendimento e apoio mútuo” (Tengarrinha, 2020, p. 214). Estimulada pelo marido, após o quinto filho, Isabel retoma os estudos, matriculando-se, em 1936, na Faculdade de Letras de Lisboa no curso de Ciências Histórico-Filosóficas (Tengarrinha, 2020, p. 214). Em novembro de 1938, findo o curso, funda com o marido o Colégio Feminino Fernão de Magalhães onde é diretora e professora, sito na Rua dos Lusíadas n.º 5, em Alcântara. Este colégio atraiu as crianças da alta burguesia de Lisboa devido às qualidades pedagógicas excecionais da sua diretora, que defendia a relevância do ensino primário para a boa formação das crianças e a necessidade de docentes com preparação adequada a este grau de ensino, teoria “frontalmente contrária à política salazarista, que relegava para este grau de ensino (...) os chamados regentes escolares, aos quais bastava ter a quarta-classe” (Tengarrinha, 2020, p. 215). Em 1941, ingressa como assistente de Psicologia nessa Faculdade e também como Professora das disciplinas de Filosofia Antiga e de História da Filosofia Medieval. Lecionava na Faculdade quando o marido faleceu prematuramente (1942). A este drama somam-se as perseguições do ministro da Educação que a levam a abandonar as funções na Faculdade. Posteriormente dá-se o encerramento do seu colégio pela PIDE (11/02/1949) e é-lhe retirada autorização para exercer a profissão de professora, em retaliação ao seu papel destacado na oposição, sendo a primeira mulher a pertencer à Comissão Central do Movimento da Unidade Democrática (MUD), e posteriormente ao Movimento Nacional Democrático (MDN), com participação de destaque no movimento de apoio à candidatura de Norton de Matos (1949). A sua situação é grave porque tem uma família numerosa a seu cargo e é impedida de lecionar pelo que amigos e pessoas que a admiram lhe proporcionam um convite para reger uma cadeira de filosofia numa Universidade Brasileira. Vende móveis e livros e prepara-se para emigrar, mas o governo nega-lhe a emissão do passaporte. Um professor universitário ligado ao regime tenta interceder por ela junto de Salazar que lhe responde “Ela é mulher, que vá coser meias!” (Tengarrinha, 2020, p. 216).  Nesta situação, arrendou um apartamento e criou um atelier de costura, dava explicações e fazia traduções. Foi presa várias vezes, na década de 1940, e agredida na prisão de Caxias, em 1960, quando aí se encontrava em visita ao filho. Presidiu à sessão comemorativa do segundo aniversario da morte de Bento de Jesus Caraça, a 25 de junho de. 1950. Em 1958 é impedida pelo Governo de se apresentar como candidata da Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional de 1961[1]. Chamada “A Mulher sem Medo” e a “Indomável” relata deste modo a sua experiência: “Eu, na minha vida prisional, fazia sempre o seguinte: tomava duche, mesmo quando o duche era frio, arranjava-me, vestia-me, maquilhava-me um pouco, como de costume, com o mesmo cuidado como se fosse tomar chá à Baixa. Assim, quando eles me chamavam, fosse para interrogatórios, ou fosse para o que fosse, deparavam comigo preparada para os enfrentar. Era uma maneira de os fazer compreender que eu estava firme, que estava absolutamente convicta das minhas ideias, uma forma imediata, visual, de terem um impacto: – com esta não conseguimos nada.” (Tengarrinha, 2020, p. 217).

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Isabel Aboim Inglez / Maria Isabel Hahenman Saavedra de Aboim Inglez
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Lisboa, 7 de janeiro de 1902 / Lisboa, 8 de março de 1963
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Professora universitária, pedagoga, ativista feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas
Comissão Eleitoral Feminina da secção de Lisboa (uma das dirigentes): apoio à candidatura presidencial do general Norton de Matos (1949)
Comissão Central do Movimento Nacional Democrático Feminino
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar —
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas) —
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Maria Palmira Tito de Morais; Mário Soares; Maria Lamas; Virgínia Moura;
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
Figura na toponímia de Almada (freguesia da Sobreda); Lisboa (Freguesia de Santa Maria de Belém); Moita (Freguesia de Alhos Vedros).
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12 bibliografia
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
– Fotos sobre Isabel Aboim Inglez
– Foto do espaço de exposição;
 
13a) – Foto de Perfil 
 
NOTAS:
[1] Em reação à retirada dos seus direitos políticos escreve no jornal Republica o artigo “A Ética e a política” (31/10/1961).
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Isabel Aboim Inglez. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 148-151.


Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
AAVV (1949) – Às Mulheres de Portugal. Colecta?nea dalguns discursos pronunciados para propaganda da Candidatura. (Prefácio do Prof. Azevedo Gomes). Lisboa: Edição dos Serviços Centrais da Candidatura do General Norton de Matos.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
FONSECA, Teresa (2005) – Maria Isabel Hahenman Saavedra de Aboim Inglez. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir.– Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p.694-695.
JANEIRO, Helena Pinto (2010) – A questão feminina na campanha de Norton de Matos. In PAULO, Heloísa; JANEIRO, Helena Pinto, ed. – Norton de Matos e as Eleições Presidenciais de 1949: 60 anos depois. Lisboa: Colibri, p. 35-56.
MELO, Rose Nery Nobre (1975) – Mulheres Portuguesas na Resistência. Lisboa: Seara Nova, p. 46-47.
ROSAS, Fernando; SIZIFREDO, Cristina (2013) – A perseguição aos Professores. Lisboa: Tinta da China, p. 85-87.
ENGARRINHA, Margarida (2020) – Maria Isabel Aboim Inglez. «Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher», n.º 43, p. 213-221.

Joana de Almeida Nogueira

Joana de Almeida Nogueira, de origem francesa, professora de línguas, ativista feminista, integrou várias associações feministas do primeiro movimento feminista português, ganhando protagonismo quando assumiu a presidência da Associação de Propaganda Feminista (APF), fundada a 12 de maio de 1911, após a morte prematura de Carolina Beatriz Ângelo, em outubro desse mesmo ano. Além da sua atividade no seio das organizações feministas, são poucos os dados biográficos que se conhecem sobre ela, como local e data de nascimento e morte. Foi casada com o médico veterinário João Viegas de Paula Nogueira, mãe de Cecília e Laura de Almeida Nogueira e residiu em Lisboa, na Praça D. Luís, 17, 3.º direito. Nas associações de mulheres, iniciou a sua colaboração na Liga Portuguesa da Paz, onde foi secretária da correspondência, sendo eleita sócia benemérita do comité português da associação francesa La Paix et le Désarmement par les Femmes. Militou na LRMP onde lecionou um curso de francês para as sócias, em 1909. Assinou, em seu nome, a representação onde se pedia o voto restrito para as mulheres em 10/07/1911. Ainda em 1911, integrou o grupo fundador da APF, foi eleita vice-presidente e, passados cinco meses assumiu a presidência. Neste âmbito, presidiu, na qualidade de representante da APF à sessão de homenagem a Carolina Beatriz Ângelo organizada pela LRMP na noite de 03/11/1911. Foi administradora e redatora principal da revista A Mulher Portuguesa (1912-1913), órgão de imprensa da APF. Em 1913, é eleita para integrar a comitiva portuguesa no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (Esteves, 1998).

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Joana de Almeida Nogueira /Jeanne de Almeida Nogueira
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte —
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Professora de línguas, ativista feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Liga Portuguesa da Paz (secretária da correspondência)
Liga Republicana das Mulheres Portuguesas
Associação de Propaganda Feminista (1911-1918), assistiu à reunião fundadora (12/05/1911), sendo eleita vice-presidente da direção, assume a presidência com a morte de Carolina Beatriz Ângelo (1911).
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar
Eleita para integrar o grupo que deveria representar as feministas portuguesas no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (15 a 20 de junho, 1913).
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas) —
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Ana de Castro Osório; Carolina Beatriz Ângelo; Alice Pestana; Maria Veleda;
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações —
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/12 bibliografia
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais; —
 
13a) – Foto de Perfil —
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Joana de Almeida Nogueira. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 125-127.


Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
A Mulher Portuguesa (1912-1913)
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (1998) – As Origens do Sufragismo Português. A primeira organização sufragista portuguesa: A Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Bizâncio.
ESTEVES, João (2005) – Joana de Almeida Nogueira. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 457-458.

Lutegarda Guimarães de Caires

1858 - 1935

Lutegarda Guimarães de Caires (17/11/1858[4], Vila Real de Santo António; 30/03/1935, Lisboa) Escritora, socióloga, ativista dos direitos das mulheres e crianças e filantropa, deve-se a Lutegarda Guimarães de Caires (1858-1935) a existência de o Natal dos Hospitais, obra de intervenção social que perdura. Nasceu no Algarve, em Vila Real de Santo António. Casou e enviuvou cedo e perde a sua filha na infância, tragédias que vão ser tema recorrente na sua obra literária. Já a viver em Lisboa conhece João de Caires, natural da Madeira, com quem casa e que acompanha para Óbidos, quando ali é colocado como juiz e, depois para Alcobaça, onde nasce o filho Álvaro Guimarães de Caires, a 5 de abril de 1895. Fruto da sua formação voltada para as artes com destaque para a interpretação musical e poesia, é uma figura com destaque na cena cultural do seu tempo, gostos que partilha com o marido, sendo anfitriões de saraus literários regulares. Defende o alargamento dos direitos civis das mulheres, nomeadamente, que dispusessem dos seus bens após o casamento, e os direitos políticos das mulheres instruídas, ideias que propugna em palestras e em artigos que publica a partir de 1905[5]. Embora defensora da monarquia constitucional, em 1911, é convidada pelo ministro da Justiça republicano, Diogo Leonte, a propor melhorias de caráter social tendo, neste âmbito, realizado estudos e proposto reformas com destaque para a melhoria das condições higiénicas das mulheres nas prisões. Em 1913, é eleita para integrar a comitiva portuguesa no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (Esteves, 1998). Era visita regular do Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, onde ofertava às crianças internadas brinquedos, doces e roupas que confecionava. Esta terá sido a génese do Natal das Crianças dos Hospitais, que funda, em 1924, posteriormente alargado a todas as pessoas hospitalizadas (Simeão, 2005). Fruto das emissões televisivas, o Natal dos Hospitais vem a tornar-se um acontecimento nacional, símbolo de generosidade. Lutegarda faleceu em Lisboa, na sua residência (Av. da Liberdade, 53, 1.º drt.), sendo sepultada em jazigo de família no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa[6].

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Lutegarda Guimarães de Caires/ Luthegarda Guimarães de Caires
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte[1]
Vila Real de Santo António, 17 de novembro de 1858/ Lisboa, 30 de março de 1935
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Escritora, Socióloga, Filantropa
 
4 – Relação com organizações feministas
Associação de Propaganda Feminista (1911-1918)[2];
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar
Eleita para integrar o grupo que deveria representar as feministas portuguesas no 7.º Congresso da International Women Suffrage Alliance, em Budapeste (15 a 20 de junho, 1913).
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas) —
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas —
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
Primeira classificada nos jogos florais hispano-portugueses de Ceuta com o poema “Florinha das Ruas”;
O governo do Brasil conferiu-lhe, em 1922-1923, a medalha de prata pelo conjunto da sua obra literária;
Recebeu, em outubro de 1931, o grau de Oficial da ordem de Benemerência, em homenagem à sua obra filantrópica[3];
Foi condecorada com a Ordem de Santiago da Espada;
Em 1937 foi atribuído o nome Luthgarda Caires ao primitivo Largo da Fonte, em Vila Real de Santo António;
A 3 de abril de 1966, por iniciativa da Casa do Algarve, foi inaugurado busto na Avenida da República, em Vila Real de Santo António.
Em Faro, na freguesia de Vila Nova de Cacela existe a rua Lutgarda Guimarães de Caires.
 
9 – Espólios
Existe espólio doado por familiares de Lutegarda Caires à Casa do Algarve, em Lisboa.
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12 bibliografia
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
– Lutegarda Caires (foto de busto em Vila Real de Santo António)
– Foto e texto biográfico sobre Lutegarda Caires
– Texto biográfico sobre Lutegarda Caires e fotos de capas dos seus livros: https://www.leme.pt/biografias/l/lutgarda.html
 
13a) – Foto de Perfil 
 
NOTAS:
[1] Na entrada da Wikipedia (2021), dedicada a “Lutegarda Guimarães de Caires” são mencionadas várias datas/lugares que diferem da entrada no Dicionário no Feminino (2005), aqui adotados por indicar fontes documentais.
[2] Lutegarda Caires surge com o n.º 40 na lista com 63 nomes de sócias da APF apresentada por Esteves, 2008, p. 185-194; no entanto, a investigadora Maria Rosalina Bento Simeão (2005) sublinha que esta não estava filiada em qualquer organização e que recusou “colocar-se sob a bandeira do feminismo” (p. 541) embora, na prática defendesse e praticasse os ideais feministas (Idem).
[3] Cf. Arquivo Histórico da Presidência da República: “Proposta do Ministro do Interior, de 12 de agosto de 1931, para o grau. de Oficial. Publicado no Diário do Governo n.º 230, de 5 de outubro de 1931”. Consultado em Wikipedia (2021).
[4] Fonte consultada indica consulta do Livro de registo de batismos da Paróquia de Nossa Senhora da Encarnação de Santo António (1876) do Arquivo Distrital de Faro, cf. Wikipedia (2021): https://pt.wikipedia.org/wiki/Lutegarda_Guimarães_de_Caires
[5] Procurar artigos em: O Século, Diário de Notícias e A Capital (Simeão, 2005, p. 539) e Serões. Revista Mensal Ilustrada.
[6] Cf. Livro de Registo de óbitos da 7ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (1935-01-01 a 1935-06-20). Arquivo Nacional da Torre do Tombo p. 119 verso, assento 238. Consultado em Wikipedia (2021).
[7] Uma versão atualizada deste artigo pode consultar-se em: https://www.leme.pt/biografias/l/lutgarda.html
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Lutegarda Guimarães de Caires. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 121-124.


Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias —
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
BÓLEO, Maria Luísa V. de Paiva (1997) – Lutegarda de Caires e o Natal dos Hospitais. «Revista Pública», n.º 82. O Público, 2833, de 14 de dezembro.[7]
ESTEVES, João (1998) – As Origens do Sufragismo Português. A primeira organização sufragista portuguesa: A Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). Lisboa: Bizâncio.
SIMEÃO, Maria Rosalina Bento (2005) – Luthegarda Guimarães de Caires. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 538-541.

Mariana Osório de Castro

1842 - 1917

Mariana Osório de Castro (Lisboa, 15 de junho de 1842 / ---, 17 de novembro de 1917), natural da freguesia de Arroios, em Lisboa, nasceu numa família ilustre, sendo filha do tenente-general José Osório de Castro Cabral de Albuquerque (1770-1857)[3], governador de Macau[4], e de Anna Dorothea Rosa Moor Hæting (Esteves, 2014, p. 29) de nacionalidade holandesa (Esteves, 2005, p. 752). Mariana casou no dia de Natal de 1865[5], na Igreja de S. Martinho do Fundão (localidade onde residia na Rua Direita) com João Baptista de Castro (1884-1920), aproveitando as férias escolares do noivo, estudante de Direito em Coimbra (Fernandes, 2020), que fez carreira como conservador do registo predial e advogado, posteriormente, magistrado. O casal Osório de Castro foi viver para Coimbra onde nasce o primeiro filho, Alberto Osório de Castro (1868-1946). Mudam-se para a Pampilhosa da Serra, após colocação do já juiz conservador notarial e aqui nasce João Osório de Castro (1869-????) (Fernandes, 2020).  Tem ainda um terceiro filho, Jerónimo Osório de Castro (1871-1935) e uma filha, Ana Osório de Castro, eminente autora e feminista, que adotou o nome Ana de Castro Osório (1872-1935), a qual nasceu em Mangualde. No decurso da carreira profissional do marido, mudou-se ainda com a família para Setúbal, onde terá residido na Praça do Bocage, n.º 114-116. Em 1911, vivia em Lisboa, na Rua do Arco do Limoeiro, n.º 17 (Esteves, 1998, p. 193) e a partir desta morada apoiou a atividade desenvolvida no seio de várias organizações – aqui se realizaram reuniões da Associação de Propaganda Feminista (APF), funcionava a Comissão Feminina `Pela Pátria`, a redação e administração de A Semeadora (1915-1918) e a Casa Editora Para as Crianças, propriedade de Ana de Castro Osório,  que passou a residir com os pais quando enviuvou, aos 42 anos de idade (Esteves, 2014, p. 35) – tendo aceitado “desempenhar cargos associativos pouco usuais em senhoras daquele meio social” para apoiar a filha (Esteves, 2014, p. 30), principalmente, no período em que Ana esteve ausente no Brasil. Militante da APF, desde a sua fundação,  em 1912, tornou-se a segunda presidente da direção eleita entre as sócias fundadoras, num momento em que tanto a filha como Elzira Dantas Machado se encontravam no Brasil; assegurou a publicação dos dois órgãos da APF, A Mulher Portuguesa (1912-1913) e A Semeadora (1915-1918); auxiliou a Comissão Feminina `Pela Pátria`, trabalhando em agasalhos para os soldados portugueses, sendo. eleita, em 1916, para o Conselho Fiscal (Esteves, 1998, p. 193; Esteves, 2005, p. 752); aderiu à Obra Maternal; integrou a Cruzada das Mulheres Portuguesas; foi acionista, tal como a filha, da Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher impulsionada por Eliza Dantas Machado. Faleceu com 75 anos.
 

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Mariana Osório de Castro / Mariana Adelaide Osório de Castro Cabral de Albuquerque Moor[1] Quintins
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Lisboa, 15 de junho de 1842 / —, 17 de novembro de 1917
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Ativista feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Associação de Propaganda Feminista (integrou grupo fundador, em 1911; segunda presidente eleita);
Comissão Feminina `Pela Pátria`;
Empresa de Propaganda Feminista e Defesa dos Direitos da Mulher (acionista);
Cruzada das Mulheres Portuguesas.
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar —
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas) —
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Mãe de Ana de Castro Osório
Benedita Mouzinho de Albuquerque Pinho (visita assídua da casa, autora do “enaltecimento da integridade” de Mariana aquando da sua morte (Esteves, 2005, p. 752).
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações —
 
9 – Espólios
Biblioteca Nacional. Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, Família Osório de Castro (1884-1958), BNP Esp. N12[2]
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
Cf. “D. Mariana Osório de Castro – Algumas notas biográficas”[6] (com fotografia). «A Semeadora», n.º 30, 30 de dezembro de 1917, cols.2-4, p.1; cols. 1-2, p. 2.
 
13a) – Foto de Perfil 
 
NOTAS:
[1] Ou Moore, cf. Esteves, 2005, p. 752. Quintius (Esteves, 2005, p. 752) ou Quintins (Esteves, 2014, p. 9)
[2] Neste espólio encontram-se cartas trocadas entre Mariana e seus filhos e filha.
[3] O tenente-general José Osório de Castro Cabral de Albuquerque (1770-1857), natural de Algodres, Celorico da Beira, era, em 1865, o comandante do destacamento militar do Fundão (Fernandes, 2020). Disponível em: https://aguadouro.blogs.sapo.pt/pampilhosense-companheiro-de-henrique-44431
[4] Data da tomada de posse e outros detalhes sobre o cargo do Governador de Macau: https://www.macaumemory.mo/entries_4b0d8982c6bc4a73ac086ed347e0c226?token=g6YCLHp+D3OWbSXR2Zf/sw==&lgType=pt
[5] Ou 1866 (Esteves, 2005, p. 752).
[6] Publicação após a sua morte com “informações biográficas e referências elogiosas à postura e militância” (Esteves, 2005, p. 752).
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Mariana Osório de Castro. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 134-137.

 
Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
MARTINS, Palmira do Carmo (1918) – D. Mariana Osório de Castro- Homenagem de respeito e gratidão à sua memória. «A Semeadora», n.º 32, 8 de junho, cols.2-3, p.3.
PINHO, Maria Benedita (1917) – D. Mariana Osório de Castro. «A Semeadora», n.º 30, 30 de dezembro, cols.1-2, p.1.
VIEIRA, Alzira (1918) – D. Mariana Osório de Castro. «A Semeadora», n.º 36, dezembro, col.1, p.4.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
ESTEVES, João (1997) – A Colecção Castro Osório – Ana de Castro Osório (1872-1935). In BETTENCOURT, Francisco, dir. – Leituras: Revista da Biblioteca Nacional, nº1
ESTEVES, João (2005) – Mariana Adelaide Osório de Castro Cabral de Albuquerque Moor(e) Quintius. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p. 752-753.
ESTEVES, João (2014) – Ana de Castro Osório (1872-1935) [Col. Fio de Ariana]. Lisboa: Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género.
FERNANDES, Júlio Cortez (2020) – Pampilhosense Companheiro de Henrique Carvalho; Expedição a Lunda Angola Finais do Século XIX. Pampilhosa da Serra- Roteiro de um “futrica”. 12 de setembro. Disponível em: https://aguadouro.blogs.sapo.pt/pampilhosense-companheiro-de-henrique-44431

Sofia Pomba Guerra

1906 - 1976

Maria Sofia Guerra (1906-1970 ou 1976) nasceu na cidade de Elvas, formou-se em Farmácia na Universidade de Coimbra (1929) e foi viver para Moçambique, em 1930, com o marido, também farmacêutico, e a filha, ainda bebé. Naquele meio tradicional, autoritário, social e economicamente muito estratificado, o seu pensamento surge em publicações periódicas, que revelam a etapa inicial de militância da jovem feminista que se tornou uma importante líder da resistência antifascista e apoiante da luta anticolonial, pelo que é considerada uma das raras feministas europeias, na sua época, frontalmente antirracista e anticolonialista. Filha de António Joaquim Ferreira Pomba, capitão do exército, e de Guilhermina da Conceição Carrejola Pomba, nasceu a 18 de julho de 1906 em São Pedro, Elvas. Conclui o curso de Farmácia em Coimbra, em 1929 e, no ano seguinte, razões económicas levaram a jovem família a emigrar para Moçambique, estabelecendo-se na vila de Tete e, passados dois anos, em Lourenço Marques (Maputo). Só vai conseguir emprego na função pública dez anos depois do marido, embora com a mesma formação. Já em Lourenço Marques inicia colaboração no jornal operário O Emancipador (entre 1932 e 1936); no diário generalista Notícias, em 1936 onde a sua escrita não surge nos espaços restritos dentro dos jornais dedicados aos “assuntos de mulheres” (modas e penteados) (Cabreira & Carvalho, 2019); no Itinerário “publicação mensal de letras, artes, ciências e cultura” editada entre 1941 e 1955 (Esteves, 2013, p. 705). Os seus textos feministas, detalhadamente analisados por Cabreira & Carvalho (2019) podem, de forma simplificada, agrupar-se nas temáticas do trabalho e educação das mulheres. Sofia Guerra enfatizava a necessária libertação económica e profissional das mulheres tendo por objetivo a mudança estrutural da sociedade, sendo recorrente o mote “para trabalho igual salário igual”. Em 1948/49 funda e lidera a secção feminina da Sociedade de Estudos de Moçambique. Na mesma época, que coincide com o movimento de apoio à candidatura de Norton de Matos, cada colónia vai ter a sua Comissão Central de Candidatura, sendo a de Moçambique liderada por Sofia Pomba Guerra. O seu papel na oposição à ditadura de Salazar estende-se à Guiné na década de 1950. A sua atividade política faz com que seja presa e deportada para o forte de Caxias – “tornou-se na primeira mulher branca a ser presa e deportada para a metrópole: apresentada na PIDE em 23 de novembro de 1949 `para averiguações de organização comunista`” onde ficou detida até a ordem de absolvição sendo liberta a 4 de julho de 1950 (Esteves, 2013, p. 705-706). Quanto à data da sua morte as informações encontradas não coincidem: “Morreu, antes da independência, no início da década de 1970” (Esteves, 2013, p.706); “faleceu em Lisboa, dois anos depois do 25 de Abril, a 12 de agosto de 1976” Memorial aos presos e perseguidos políticos, consultado em: https://www.memorial2019.org/site/presos/maria-sofia-carrejola-pomba-guerra

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Sofia Pomba Guerra / Maria Sofia Carrejola Pomba do Amaral Guerra (Maria Rosa, pseudónimo)
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Elvas (S. Pedro), 18 de julho de 1906 / Lisboa, 12 de agosto de 1976[1]
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Médica farmacêutica e analista, professora, tradutora, autora (romance e ensaio), ativista feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Secção Feminina da Sociedade de Estudos de Moçambique[2] (fundadora e presidente)
Apoio à candidatura presidencial do general Norton de Matos (1949): Comissão Central de Candidatura de Moçambique (que lidera)
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar —
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)
Guerra, Maria Sofia Pomba (1948) – O problema dos trabalhos domésticos. «Boletim da Sociedade de. Estudos da Colónia de Moçambique» (Lourenço Marques), Ano XVIII, n.º 59, outubro-dezembro, p.5-23.
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Noémia de Sousa; Cassiano Carvalho Caldas; Fausto Teixeira; Gumercindo de Oliveira Correia; Osvaldo Vieira (PAIGC); Amílcar Cabral; Aristides Pereira; Platão Zorai do Amaral Guerra (marido)
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
Em Outubro de 2018, a Casa do Alentejo, em Lisboa, organizou uma homenagem a Sofia Pomba Guerra[3], com a intervenção de investigadoras/es (Diana Andriga, Carlos Lopes Ferreira, Luís Carvalho).
Em 30 de novembro de 2018, o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto organizou a conferência “Sofia Pomba Guerra: uma antifascista portuguesa na luta anticolonial”[4]
 
9 – Espólios —
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12 bibliografia
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
– Fotos de Sofia Pomba Guerra na exposição da Casa do Alentejo, 2018: http://silenciosememorias.blogspot.com/2018/10/1877-sofia-pomba-guerra-vi-exposicao-na.html
–  Foto do espaço de exposição;
–  Foto de perfil s/d;
– Capa do livro “Dois anos em África”;
– Foto de perfil na juventude s/d;
– Foto com o marido e as três filhas s/d;
– Foto num laboratório (1943);
– Foto ao ar livre em África, s/d;
– Foto do Jornal de Notícias: Sofia a discursar na campanha de Norton de Matos, 1949.
– Duas fotos do registo criminal;
– Duas fotos após a saída da prisão (1950);
– Foto de grupo com familiares e amigos em cabo Verde (anos 50);
– Sofia com a filha Tafia em motocicleta, em Portugal (anos 60)
 
13a) – Foto de Perfil
 
NOTAS:
[1] Datas divergem consoante a fonte (cf. Sumário).
[2] Moçambique, hoje estado livre e independente, era à época colónia de Portugal e todas as referências a Moçambique, neste ficha, se contextualizam nesse passado colonial.
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Sofia Pomba Guerra. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 152-156.


Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
AAVV (1949) – Às Mulheres de Portugal. Colecta?nea dalguns discursos pronunciados para propaganda da Candidatura. (Prefácio do Prof. Azevedo Gomes). Lisboa: Edição dos Serviços Centrais da Candidatura do General Norton de Matos.
GUERRA, Maria Sofia Pomba (1935) – Dois anos em Africa. Edição da Autora.
GUERRA, Maria Sofia Pomba (1948) – O problema dos trabalhos domésticos. «Boletim da Sociedade de Estudos da Colónia de Moçambique» (Lourenço Marques), Ano XVIII, n.º 59, outubro-dezembro, p.5-23.
«Nem o ‘Diabo’ quer nada com ela…». In «Unia?o», de 15 de julho de 1936. Arquivo Biblioteca Nacional de Portugal.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
BARRADAS, Ana (1988) – Sofia Pomba Guerra. In BARRADAS, Ana – Dicionário Incompleto de Mulheres Rebeldes. Lisboa: Edições Antígona, p. 188.
CABREIRA, Pamela Peres; CARVALHO, Luís (2019) – Sofia Pomba Guerra: Uma Feminista na Imprensa Moçambicana dos Anos 1930. ex. æquo, n.º 39. Lisboa: Edições Colibri, p. 121-135. Disponível em: https://run.unl.pt/bitstream/10362/95406/1/Sofia_Pomba_Guerra_a_feminist_in_the_Mozambican_Press_of_the_1930s_.pdf
ESTEVES, João (2013) – Maria Sofia Carrejola Pomba do Amaral Guerra. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir. – Feminæ Dicionário Contemporâneo. Lisboa: Livros Horizonte, p. 705-707.
JANEIRO, Helena Pinto (2010) – A questão feminina na campanha de Norton de Matos. In PAULO, Heloísa; JANEIRO, Helena Pinto, ed. – Norton de Matos e as Eleições Presidenciais de 1949: 60 anos depois. Lisboa: Colibri, p. 35-56.

Virgínia Moura

1915 - 1998

Virgínia Moura (1915-1998), foi pioneira na engenharia civil no feminino[3], curso que frequentou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto entre 29/11/1940 e 16/10/1948, ano em que se inscreveu na Associação dos Engenheiros Civis Portugueses (atual Ordem dos Engenheiros) (Coutinho, 2012). A sua mãe, professora do ensino primário, não casou. Virgínia manteve uma relação distante e esporádica com o seu pai, que partiu para a I Guerra Mundial pouco depois do seu nascimento. Esta situação familiar motivou discriminações e injustiças que começaram pela própria família. Até aos 14 anos viveu uma infância feliz e integrada na aldeia onde nasceu, S. Martinho do Conde (concelho de Guimarães), onde a sua mãe encontrou uma comunidade que até então pouco contacto tivera com a leitura e a escrita pelo que alfabetizava crianças de dia e adultos à noite. Virgínia estudou do primeiro ao quarto ano em Guimarães e, no final dos anos 20, devido a transferência da mãe, frequentou o liceu da Póvoa do Varzim. Aqui sentiu o peso da discriminação motivada pela sua situação familiar e por não ter educação religiosa. Em 1930, enquanto estudante neste liceu “fez a sua estreia política, ao participar numa greve de solidariedade com os estudantes da Faculdade de Medicina do Porto” (Fonseca, 2005, p. 885). Passou, depois, a estudar no liceu feminino do Porto, altura em que conheceu o futuro marido António Lobão Vital (casaram em 1935), estudante liceal, futuro arquiteto, que a iniciou nos clássicos socialistas. Com 18 anos aderiu ao Partido Comunista Português, no mesmo ano participa na secção portuguesa do Socorro Vermelho Internacional, que apoiava presos políticos de Portugal e Espanha. Ingressou na Faculdade de Engenharia do Porto, sendo a segunda mulher a licenciar-se nesse curso, nessa Faculdade; posteriormente, cursou Matemática e frequentou a Faculdade de Letras de Coimbra. Escreveu, nos anos 40, “Cartas a uma mulher moderna”, onde apela à participação das mulheres na sua própria emancipação. Durante a Guerra Civil de Espanha apoiou refugiados espanhóis. Em finais de 1945, integrou a Comissão Distrital do Porto do Movimento de Unidade Democrática (MUD) fundado nesse ano. Participou no movimento de candidatura do General Norton de Matos à presidência da República nas eleições de 1949. A 30 de dezembro de 1948 participou na Comissão Central da campanha que incluiu os representantes dos distritos, na qualidade de membro da Comissão Distrital do Porto, sendo a única mulher presente, talvez por ser desde a sua juventude “uma política profissional” (Janeiro, 2010, p. 5). Foi também a única mulher a intervir no “histórico comício da Fonte da Moura, que teria congregado uma assistência de 150 000 pessoas.” (Fonseca, 2005, p. 885). Posteriormente, apoiou ainda as candidaturas à presidência da República de Ruy Luís Gomes (1951), Arlindo Vicente (1958) e Humberto Delgado (1958). Participou, em 1953, no Congresso da União Internacional dos Arquitetos, em Lisboa, onde defende a colaboração entre arquitetos e engenheiros. Teve na cidade do Porto uma morada profissional, um escritório que partilhava com o marido, na Praça do Município, 309, 6º andar, Sala 6. Em 1969, “apresentou com o marido, uma comunicação ao II Congresso Republicano de Aveiro, sobre `Casas dos trabalhadores nos centros urbanos`” (Fonseca, 2005, p. 886). Em 1969, concorreu às eleições para a Assembleia Nacional, na lista da Comissão Democrática Eleitoral do círculo do Porto. Colaborou, nos anos 40 e 50 em diversos jornais sob o pseudónimo Maria Selma (O Trabalho, O Diabo, Pensamento, Ecos do Sul) e cofundou com outros jovens intelectuais a revista Sol Nascente, “Quinzenário de Ciência, Arte e Cultura”, na qual o marido participou na direção. A atividade política levou-a 16 vezes à prisão, onde permaneceu um total de 6 anos; entre os episódios de violência esteve durante dez meses e meio numa cela de isolamento disciplinar. Ainda em vida o seu percurso foi reconhecido; entre outras distinções foi agraciada com a Ordem da Liberdade. O seu nome figura na toponímia de três distritos e está associado a uma Escola no concelho onde nasceu. O livro “Virgínia Moura. Mulher de Abril – Álbum de Memórias, apresentado no dia do seu 80º aniversário, contém uma primeira parte com memórias da sua vida contadas na primeira pessoa, na segunda parte, textos da sua autoria, entre artigos e discursos, escritos entre 1936 e 1985, apresentando ainda dados biográficos e a reprodução de várias fotografias e documentos. Está em discussão a proposta de criar um Museu que reúna o seu espólio.

Sobre
1 – Nome conhecido / Nome civil
Virgínia Moura / Virgínia Faria de Moura (Maria Selma: pseudónimo)
 
2 – Local, data de nascimento / Local, data de morte
Guimarães (S. Martinho do Conde), 19 de julho de 1915 / Porto, 19 de abril de 1998
 
3 – Profissão / cargo / função / ocupação
Engenheira civil, política, ativista feminista
 
4 – Relação com organizações feministas
Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas[1]
Comissão Eleitoral Feminina da secção do Porto: apoio à candidatura presidencial do general Norton de Matos (1949)
 
5 – Eventos feministas em que participou / foi nomeada para participar —
 
6 – Publicações de teor feminista (autoria, entrevistas)
“Cartas a uma mulher moderna”, publicação dos anos 40 onde apela à participação das mulheres na sua própria emancipação[2].
 
7 – Sociabilidades, correspondência com outras feministas
Maria Isabel Aboim Inglez; Maria Lamas; Irene Lisboa; António Lobão Vital (marido); Raul de Castro; Hernâni Cidade; Agostinho da Silva; Vitorino Nemésio
 
8 – Manifestações de reconhecimento público (incluindo toponímia), prémios, condecorações
Surge na toponímia dos distritos do Porto, Lisboa e Setúbal: Rua Virgínia de Moura 4350-404 Porto/Porto; Rua Engenheira Virgínia de Moura 4435-482 Rio Tinto/Gondomar/Porto; Rua Engenheira Virgínia de Moura 4815-056 Conde/Guimarães/Porto; Rua Virgínia Moura 2625-727 Vialonga/Vila Franca de Xira/Lisboa; Rua Virgínia Moura 2810-415 Feijó/Almada/Setúbal; Rua Virgínia Moura 2840-565 Aldeia de Paio Pires/Seixal/Setúbal.
Existe o “Agrupamento de Escolas Virgínia de Moura” em S. Paio, Moreira de Cónegos, no concelho de Guimarães.
Após o 25 de Abril de 1974, foi distinguida com a Ordem da Liberdade e recebeu a medalha de Honra da Cidade do Porto e a medalha de Honra do Movimento Democrático de Mulheres (MDM). No dia do seu 80º aniversário (1996), o Partido Comunista Português prestou-lhe homenagem no Palácio de Cristal, no Porto, nesta data foi apresentado o livro “Virgínia Moura, mulher de Abril. – Álbum de Memórias”. Em 1999, assinalando a passagem de 50 anos após a sua primeira detenção, foi inaugurado um busto da autoria do escultor Manuel Dias frente ao edifício onde funcionava a PIDE. Em 2008, dez anos após a sua morte, foi organizada uma exposição evocativa da sua vida no Centro Cultural de Rio Tinto (28/06 a 12/07).
 
9 – Espólios
Existe um espólio (existe proposta para um museu na sua terra natal) referido em: https://jornaldeguimaraes.pt/noticias/autarquicas-2021-be-defende-museu-virginia-moura-em-conde/ (Consultado em 25/11/2021).
 
10 – Elementos biográficos do percurso de vida, incluindo moradas: sumário
(…)
 
11/ 12 bibliografia
 
13 – Fontes Iconográficas e Audiovisuais;
– Foto de Virgínia Moura perante placa “Rua do Heroísmo”: https://editorial-avante.pcp.pt/eventos/virginia-moura-mulher-de-abril
– Foto da capa do livro das Edições Avante! dedicado a Virgínia Moura: https://editorial-avante.pcp.pt/eventos/virginia-moura-mulher-de-abril
– Foto de Registo Criminal de Virgínia Moura no jornal Expresso: https://expresso.pt/politica/2015-07-19-Virginia
– Foto de Virgínia Moura, com o marido Lobão Vital  e Ruy Luís Gomes (ao centro):  http://ruyluisgomes.blogspot.com/2005/10/virgnia-moura-ruy-lus-gomes-e-lobo.html
– Condecoração de Virgínia Moura com a Ordem da Liberdade, pelo PR General Ramalho Eanes. Fotografia de Maria Salomé Vasconcelos: https://www.jornaltornado.pt/virginia-moura/
– Virgínia Moura e marido (no campo) https://debategraph.org/Details.aspx?nid=387740
– Virgínia Moura em foto de grupo:  https://debategraph.org/Details.aspx?nid=387740
– Virgínia Moura, Óscar Lopes, Rui Luís Gomes, Mário Cal Brandão, entre outros, durante um comício da oposição ao Estado Novo: https://debategraph.org/Details.aspx?nid=38774 
– Virgínia Moura festeja na rua o 25 Abril de 1974: https://debategraph.org/Details.aspx?nid=387740
– Foto de busto de Virgínia Moura inaugurado em Lisboa: https://debategraph.org/Details.aspx?nid=387740
– Fotos (8) alusivas à Exposição sobre o seu percurso de vida, em 2008, no Centro Cultural de Rio Tinto (28/06 a 12/07): http://cravovermelho.blogspot.com/2009/02/da-exposicao-sobre-engenheira-virginia.html
 
13a) – Foto de Perfil
 
NOTAS:
[2] Cf. Fonseca, 2015, p. 886.
[3] Virgínia de Moura é frequentemente apresentada como a primeira portuguesa a formar-se em engenharia civil. No entanto esse título poderá caber a Rita de Morais Sarmento, que terá concluído o curso a  30/07/1896 na Academia Politécnica do Porto, de que a FEUP é herdeira. A primeira mulher a licenciar-se neste curso na FEUP foi Maria da Conceição Marques Moura que o conclui em 21/08/1947, seguida de Virgínia de Moura (16/10/1948) e de Maria Emília de Araújo Martins Campos e Matos, que o conclui poucos dias depois de Virgínia a 28/10/1948 (Coutinho, 2012).
 
Inventariante / data:
Ana Ribeiro (anaribeirodasilva.mail@gmail.com) / novembro 2021
 
Este trabalho, para efeitos de citação:
RIBEIRO, Ana (2021) – Virgínia Moura. In BRASIL, Elisabete; LAGARTO, Mariana; RIBEIRO, Ana (2021) – Feminismos antes do 25 de Abril de 1974 (Portugal 1890-1949). Lisboa: FEM, p. 157-162.


Bibliografia
11 – Fontes bibliográficas primárias
AAVV (1949) – Às Mulheres de Portugal. Colectanea dalguns discursos pronunciados para propaganda da Candidatura. (Prefácio do Prof. Azevedo Gomes). Lisboa: Edição dos Serviços  Centrais da Candidatura do General Norton de Matos.
 
12 – Fontes bibliográficas secundárias
COUTINHO, Júlia (2012) – Mulheres Pioneiras em Engenharia Civil. «Faces de Eva», n.º 27. Lisboa: Edições Colibri, p. 51-67.
FONSECA, Teresa (2005) – Virgínia Faria de Moura. In CASTRO, Zília Osório; ESTEVES, João, dir.– Dicionário no Feminino. Séculos XIX e XX. Lisboa: Livros Horizonte, p.885-886.
JANEIRO, Helena Pinto (2010) – A questão feminina na campanha de Norton de Matos. In PAULO, Heloísa; JANEIRO, Helena Pinto, ed. – Norton de Matos e as Eleições Presidenciais de 1949: 60 anos depois. Lisboa: Colibri, p. 35-56.
ROLDÃO, Júlio [et al.] (1996) – Virgínia Moura, mulher de Abril: álbum de memórias. Lisboa: Avante!

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